"OPINIÃO: As Táticas de Marketing da Indústria Tabagista
Marcos Nascimento
Desde os primórdios da descoberta do tabaco há menções associadas aos seus
riscos a saúde como o decreto sobre o fumo do Rei da Inglaterra George em 1604,
onde abordava que o tabaco provocava dor de cabeça e problemas de pulmão…
Com o consumo do tabaco sob a forma industrializada dos cigarros surgem ditos
populares como “Tosse de Fumante” “Dedos de fumante” e nos Estados Unidos, no
início do século XX, cigarros eram chamados de “pregos de caixão.”
Como então continuar no “negócio” e inclusive aumentar as vendas de um produto
que literalmente mata os seus consumidores?
A fim de afastar “qualquer Risco” para o negócio, a Indústria tabagista, muito
antes de existir as profissões de administrador de empresas e de profissionais
de marketing, começa a fazer anúncios e a praticar o que hoje conhecemos como
práticas de Marketing.
A indústria de cigarros inicia a resposta a pergunta acima, com a estratégia da
contra propaganda ao associar seu produto, acredite, a… Saúde!
Para isso contrata radialistas (que em 1920 tinham projeção similar as estrelas
de cinema, de séries de TV ou jogadores de futebol hoje), Esportistas, Atores de
Hollywood,como John Wayne e Ginger Rogers. Nas décadas de 1940 a 1960 incorpora
profissionais com alto crédito na sociedade americana e mundial como
enfermeiras, médicos, dentistas, cientistas e até astronautas para passar
idoneidade as marcas de cigarros.
A tática de associar-se aos esportes é prática corrente também hoje em dia, vide
os anúncios em corridas de Fórmula Indy e de Fórmula 1- sempre aliando imagens
de juventude, frescor, desejos, superação e vitórias. Há pesquisas de mercado
que indicam que produtos anunciados durante uma corrida da Nascar são os
preferidos por 70% dos espectadores em detrimento de outros produtos com
qualidade similar. As corridas de carros atraem uma gama enorme de audiência
jovem, alvo preferencial das companhias de cigarros.
A mulher é outro foco preferencial como se pode observar nas refinadas
propagandas dirigidas a este público – abordando liberdade, sucesso,
independência financeira, beleza, poder de decisão. Há um direcionamento às
mulheres do mundo inteiro fazendo analogias inclusive a marcas famosas de
perfumes, como a propaganda do nº 9. Até mesmo a reengenharia das embalagens que
se tornam mais finas, com o objetivo de caber em qualquer bolsa feminina. Isto é
confirmado pelos documentos da própria indústria que vieram a público durante os
julgamentos do governo dos Estados Unidos versus as companhias de cigarros.
“Ao público feminino também é reservado às estratégias dos cigarros com alcatrão
e nicotina reduzidos” e os cigarros com sabores os mais variados como cravo (Kreteks),
canela, menta, baunilha, e chocolate. Cabe aqui um alerta, pois se trata mais
uma vez de uma propaganda altamente enganosa, visto que nicotina provoca
dependência química em qualquer concentração.
Nos países em que há leis de proteção a saúde pública com a proibição do fumo em
áreas públicas, as companhias de cigarros se especializaram em práticas de
marketing de guerrilha. Sendo assim, agem:
-Em ambientes universitários convidando atores e personagens de mídia para
palestras nos chamados “Diálogos Universitários.”
-Patrocinando eventos desde concertos de rock na indonésia a encontros de DJ no
Brasil;
-Patrocinando e montando pontos de venda localizado nos caixas dos
estabelecimentos, apresentando layouts cada vez mais coloridos com letras e
palavras em inglês, e com designer e luminosidade altamente sofisticados. Isso
tudo em meio a balas, doces e revistas destinadas ao público infanto-juvenil.
A exposição acima mostra que a indústria de cigarros se especializou sim em
Marketing na administração e divulgação de seus produtos: O Marketing da
propaganda enganosa. E para constatar isso não é preciso nem ler este texto.
Como o ditado popular chinês apregoa: As imagens falam!
(Fonte : Pulmão S.A.:
Sua atmosfera, sua vida)
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