O SALVADOR DOIDÃO

 

Naquela cidade santa, onde todo mundo é muito religioso, onde quem violar um preceito da lei religiosa é condenado à morte, aparece aquele cabeludão, que se diz "manso e humilde de coração" (1), chega montado em um jumento, desce do asno na porta do templo de Yavé e mete o chicote nos vendedores de animais para sacrifício, derruba as mesas, faz um tremendo bafafá (2).  

O autor dessa cena violenta é aquele mesmo que recomenda aos seus discípulos para, quando alguém lhes bater de um lado da cara, eles virarem o outro lado para o agressor continuar batendo (3).  Que cara doidão!

 

Falando de lei aos seus companheiros, assevera: "Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus" (4).   Alguns dias depois, questionado em relação ao sábado, dia em que a lei de seu deus proibiu trabalhar, responde: "Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também" (5).

 

Em certo momento, o cara diz: "Deixo-vos a paz a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá" (6).

Outra hora: "Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada. Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; e assim os inimigos do homem serão os da sua própria casa" (7).   Hum!  Parece que agora ele está meio malucão mesmo!  Fumante sabemos que ele não é. Mas será que cheira alguma coisa?

 

Certo dia, fala aos seus: "... aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas." (8).

Já quando em uma festa, abordado pela própria mãe, responde: "Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora" (9).

 

Certo dia tendo "fome, e avistando de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se, porventura, acharia nela alguma coisa; e chegando a ela, nada achou senão folhas, porque não era tempo de figos...", então "disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti...  Ao cair da tarde, saíam da cidade. Quando passavam na manhã seguinte, viram que a figueira tinha secado desde as raízes" (10).  Seria isso o tal mal olhado de que o povo fala?   A ira do homem chamado "manso e humilde" é maligna!  Nem uma árvore que não tem fruto fora da época escapa!

 

Diz ele ser filho de Yavé, o deus criador de todas as coisas, e também diz que ele e o próprio pai são a mesma pessoa.  "Eu e o pai somos um".   Depois, quando condenado, já sem chance de escapar da cruz, diz alguém que suas últimas palavras são:  "Deus meu, deus meu, por que me desamparaste?" (11).   Outros registraram que suas derradeiras palavras são outras.  Mas dois de seus discípulos afirmam que essas são suas palavras finais.

 

E, depois de toda essa história maluca, dizem todos os seus seguidores que ele foi sepultado numa sexta-feira à tarde e, no domingo cedo, estava vivo de novo e prometendo brevemente voltar para colocar ordem nessa bagunça que os homens fizeram no planeta.  Mas, parece que mudou de ideia. Pois já faz quase dois mil anos, e ele ainda não apareceu. 

 

1. Mateus, 11: 29.

2. Mateus, 21: 1-13).

3. Mateus, 5: 39.

4. Mateus, 5: 19.

5. João, 5: 17.

6. João, 14: 27.

7. Mateus, 10: 34-36.

8. Mateus, 11: 29.

9. João, 2: 4.

10. Marcos, 11: 12-14, 19,20.

11. Mateus, 26: 46 e Marcos, 15: 34.

 

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