O POLVO QUE ACERTOU VÁRIOS RESULTADOS DA COPA DO MUNDO

 

"A voz do polvo é a voz de deus".    Essa é a atualização do antigo dito popular.  O polvo alemão ficou famoso pelos seus acertos.  E será que irá acertar sempre?

 

"8/07/2010 - 20:40 - Atualizado em 09/07/2010 - 22:54
Paul, o polvo - Como ele acerta tudo?
Um molusco de aquário alemão vira celebridade “prevendo” os resultados da Alemanha na Copa
André Fontenelle, de Johannesburgo
Mark Keppler


PREMONIÇÃO

Paul, o Octopus vulgaris com comportamento premonitório, em seu agora célebre aquário na cidade de Oberhausen, na Alemanha. Cinco acertos até o momento

A sorte da segunda semifinal da Copa do Mundo de 2010 foi selada na véspera do jogo, ao vivo, na TV alemã. Diante das câmeras, Paul, um Octopus vulgaris pescado há dois anos em águas britânicas, foi solto diante de duas caixas com comida, em um aquário de Oberhausen, na Alemanha. Cada uma das caixas levava uma das bandeiras dos semifinalistas, Alemanha e Espanha. Depois de alguma hesitação, Paul optou pela caixa com o pavilhão espanhol. Schweinsteiger, Özil, Klose e companhia poderiam se esforçar quanto quisessem: sua sorte estava selada.

Afinal, neste Mundial, Paul acertara os resultados dos cinco jogos anteriores da seleção alemã.

Matematicamente, se desconsiderarmos o empate, a chance de uma pessoa acertar, ao acaso, o vencedor de seis jogos consecutivos é de 1 em 64 – ou 1,6%. Paul “previu” que a Alemanha derrotaria a Austrália na estreia; que perderia para a Sérvia na partida seguinte; e que emendaria uma sequência de vitórias contra Gana, Inglaterra e Argentina. Tudo ocorreu como anunciado – o bastante para que o cefalópode adquirisse fama mundial, ao lado de outras estrelas desta Copa, como Mick Jagger, Larissa Riquelme e Michael Dunga.

A brincadeira não é nova. Na Eurocopa – o equivalente europeu da Copa do Mundo – de 2008, também se pediram os palpites de Paul para os jogos da Alemanha. Ele só errou um resultado, justamente o da partida decisiva, em que os mesmos espanhóis derrotaram os alemães. Mas, já naquela ocasião, sua taxa de acerto superou a de qualquer comentarista de futebol. Antes da Copa, muitos métodos foram usados para antecipar os resultados da competição. Economistas fizeram cálculos complexos, cruzando indicadores como a renda per capita de cada país com os resultados anteriores em Mundiais, para saber quem venceria a Copa. Ninguém se lembrou de consultar Paul.
A ministra do Meio Ambiente da Espanha disse que vai pedir a proteção para o polvo vidente

Patrik Stollarz
SORTE SELADA
Paul entra na caixa com a bandeira espanhola na véspera da semifinal com a Alemanha. Agora só falta a final

Histórias como a de Paul satisfazem o apetite humano pela adivinhação supersticiosa. Em latim, divinare, “antever”, deriva de divinus, “divino”. Em quase toda cultura humana há algum método de adivinhar o futuro. Alguns usam o comportamento de animais. Existe até um termo científico para esse tipo de adivinhação: teriomancia (do grego “ther”, animal selvagem, e “manteia”, profecia). Os antigos romanos acreditavam nos “áugures”, sacerdotes que interpretavam os desígnios dos deuses pelo estudo do voo dos pássaros em formação. Em alguns países da África Ocidental, ainda hoje o movimento de aranhas e caranguejos é usado para prever o futuro. Descontentes com o vaticínio de Paul para o jogo de quartas de final, os argentinos recorreram a outros profetas do reino animal. Pediram a Sayko, um golfinho de um oceanário de Mar del Plata, que saltasse fora da água e escolhesse entre dois balões, um com a bandeira argentina, outro com a alemã. Sayko escolheu a de seu país. Jorge, uma tartaruga de um aquário de Mendoza; Pepe, um papagaio; e Pablo, um porquinho-da-índia de um programa de TV, todos previram a vitória da Argentina. Paul riu por último.

Na história e na mitologia, adivinhos pagaram as consequências de suas previsões desagradáveis. Cassandra, que anteviu a catástrofe que se abateria sobre Troia, foi dada como louca, raptada pelos gregos e assassinada. Seu nome virou sinônimo de profetas de tragédias. Algumas passagens da Bíblia e do Corão condenam os adivinhos. Paul pode não escapar à sina de Cassandra. Os argentinos propuseram cozinhá-lo numa panela. Os espanhóis, eufóricos com o sucesso de sua previsão na semifinal, querem protegê-lo. A ministra do Meio Ambiente da Espanha, Elena Espinosa, anunciou na quinta-feira passada que pediria proteção para Paul. Este ainda não fizera, porém, sua previsão para a decisão da Copa, entre Holanda e Espanha. Dessa profecia dependeria talvez o futuro do polvo – se na paz do tanque de seu aquário alemão ou no calor de uma paella espanhola.

[Na sexta-feira (9), Paul previu que a Espanha será campeã, ganhando o jogo contra Holanda. Esse é o primeiro jogo sem a Alemanha em que ele faz uma previsão nessa Copa. O polvo também previu a vitória dos alemães contra os Uruguaios.]

(Época, 09/07/2010 - 22:54).   

 

E a Espanha ganhou!  Mais uma vitória para Paul.  Não deve ir para a panela mesmo!

 

POR QUE O POVO ACERTOU?

 

Em 2006, alguém encontrou uma sequência de cinco jogos que tinham uma coincidência numérica, e logo começou uma previsão de que o Brasil ganharia a copa, porque essa sequência indicava a nossa seleção. Mas aí a numerologia falhou.  Esta foi a mensagem que circulou pelo correio eletrônico:

 

"O Brasil ganhou a copa do mundo em 1994, antes disso, sua última conquista do título foi em 1970.
Se você somar 1970 + 1994 = 3964

A Argentina ganhou sua última copa do mundo em 1986, antes que isso só em 1978.
Somando 1978 + 1986 =3964.

Já a Alemanha ganhou a sua última copa em 1990. Antes disso foi em 1974.
Somando 1990 + 1974 = 3964.

Seguindo esta lógica, poderia se ter adivinhado o ganhador da copa o mundo de 2002, pois este teria que ter sido o vencedor da copa de 1962!
Conferindo: 3964 -2002 = 1962.
E o ganhador da copa em 1962 foi o Brasil!
Realmente, a numerologia parece funcionar...

E quem venceria a copa do mundo de 2006?
Resposta: 3964 - 2006 = 1958
E quem ganhou em 1958?.... Putz, foi o Brasil!!! O HEXA É NOSSO!!!!"
(Cálculo apresentado no dia 13 de junho de 2006 às 09:57h).

 

A esperança dos amantes da numerologia foi frustrada dessa vez. O Brasil não ganhou.

 

Foram cinco coincidências, e dificilmente isso se repetirá.  Isso começou em 1986 e terminou em 2002, saltando o ano de 1998.  Se fosse coincidir este ano (2010), o título seria da Alemanha.  Mas foi pura coincidência, que tem apenas quatro oportunidade de ocorrer novamente até 2034.

 

O polvo também dificilmente irá acertar quase tudo como fez. Mas tem maiores probabilidades de acerto do que a numerologia citada acima:

 

Em cada jogo dos últimos que foi posto para escolher o vencedor, Paul tinha cinquenta por cento de probabilidade de acertar e cinquenta por cento de errar.  Coincidentemente, acertou todos os últimos jogos. Algo bem mais fácil de acontecer do que as cinco coincidências numéricas em seis copas do mundo de 1986 a 2002.

 

Mas, uma coisa podemos afirmar: O polvo deu uma goleada nos nossos videntes.

 

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