O PIOR PRESIDENTE DA HISTÓRIA DO BRASIL

26 de Junho de 2020

Jair Bolsonaro ficará conhecido pela mortandade causada pelo novo coronavírus e por ter transformado o Palácio do Planalto em uma fábrica de mentiras

O Brasil já teve 37 presidentes da República, das mais diversas correntes políticas, e que podem ser considerados, em sua maioria, muito ruins. São raras as exceções e isso em muito se deve às falhas do nosso sistema político, que carece de reparos.

Entretanto, com menos de dois anos de mandato, Jair Bolsonaro já faz jus ao título de pior presidente da nossa história, além de pior presidente do mundo durante a pandemia, segundo o jornal americano The Washington Post.

Não são poucos os motivos que tornam Bolsonaro o pior governante da história do Brasil. Afinal, desde que foi eleito para o cargo mais importante da nação, Bolsonaro simplesmente não governa. Preferiu, em vez disso, delegar suas funções e responsabilidades a terceiros.

Podemos citar o exemplo do denominado “superministério da Economia”, que passou a cuidar de todas as áreas de finanças, planejamento, trabalho e Previdência Social. A pasta foi entregue a um representante do mercado com o pretexto de modernizar a economia.

Desde então, a política implementada por Paulo Guedes, o ministro da Economia de Bolsonaro, extinguiu direitos trabalhistas e previdenciários, notadamente dos mais pobres. Resultado: temos hoje mais de 13 milhões de desempregados.

Mesmo com o país devastado pela tragédia do desemprego, o presidente prefere dedicar-se a sua reeleição. Desde a posse, Bolsonaro não desceu do palanque e não abandonou a campanha.

Pelo contrário, cercou-se de uma estrutura de propaganda e de difamação para manter seu eleitorado constantemente engajado, dedicando todos os esforços da máquina administrativa para o único e mesquinho objetivo da reeleição. É o chamado gabinete do ódio.

É no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus que Bolsonaro mostra todo o seu despreparo, incompetência e leviandade

Com a intenção de proteger seu governo e seus filhos, confronta diariamente o Estado Democrático de Direito e as instituições de Estado, a imprensa livre e os demais Poderes da República. Recorre à Constituição Federal só quando lhe convém.

No campo da educação podemos ver um dos lados mais tenebrosos e anacrônicos desse governo. Enxergando fantasmas comunistas por todos os lados, iniciou uma cruzada contra o conhecimento científico e colocou a pasta a serviço do obscurantismo.

Impressiona o descaso de Bolsonaro com a educação, sobretudo a educação pública. Elegendo-a como inimiga, expressa toda a sua perversidade ao roubar o futuro dos brasileiros.

Quanto à cultura, o desprezo do presidente pelo setor sempre foi evidente. Uma das primeiras medidas que tomou foi extinguir o Ministério da Cultura, transformando-o em secretaria. A série de nomeações e exonerações controversas, como a de um secretário que buscou no nazismo inspiração para uma “nova cultura brasileira”, deixaram a pasta sem rumo a seguir.

Outra característica que torna Bolsonaro um dos piores presidentes de todos os tempos é sua obsessão em destruir o meio ambiente e as culturas indígenas, quilombolas e outras populações tradicionais.

Utilizando a desculpa mentirosa de que a proteção ambiental é uma barreira para os negócios e que os índios “querem e precisam ser civilizados”, promoveu um escandaloso desmonte da governança ambiental sem precedentes em nossa história.

Mas é no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus que Bolsonaro mostra todo o seu despreparo, incompetência e leviandade, com o Brasil ultrapassando a cifra de 55 mil mortes desde o primeiro caso de contaminação no país.

Bolsonaro, diferentemente da maioria dos líderes mundiais, tornou-se um grande negacionistas da doença, chamando a covid-19 de gripezinha e afirmando que a questão tinha de ser enfrentada como homem e não como moleque.

Minou de todas as formas possíveis as medidas adotadas pelos governadores contra a disseminação do vírus e promoveu aglomerações.

Contrariou recomendações científicas e lançou a campanha “O Brasil não pode parar”, posteriormente suspensa pela Justiça. Recentemente, incentivou apoiadores a invadirem hospitais.

Há poucos dias, fomos surpreendidos com a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor da família e apontado como operador de um esquema de desvio de dinheiro público instalado no gabinete de Flávio Bolsonaro, filho mais velho do presidente, quando este era deputado estadual.

A prisão se deu na casa do advogado de Bolsonaro, Frederik Wassef, frequentador assíduo do Palácio do Planalto e defensor de Flávio no processo que investiga os desvios. Após o escândalo, foi destituído da defesa. A família então tentou minimizar a proximidade com o advogado, que já chegou a declarar que ele e o presidente eram uma pessoa só.

Bolsonaro merece entrar para a história pela façanha de ter reunido em um único indivíduo todos os defeitos de seus antecessores, mas nenhuma de suas virtudes. Aquele que transformou o Palácio do Planalto em uma fábrica de mentiras.

E será lembrado, principalmente, como o responsável pelo morticínio causado pela covid-19 no Brasil.

Randolfe Rodrigues é senador do estado do Amapá pela Rede Sustentabilidade, é líder da oposição. Atua no movimento estudantil desde os 13 anos de idade. É professor, graduado em história, bacharel em direito e mestre em políticas públicas pela UFC (Universidade Federal do Ceará). Foi deputado estadual por duas vezes. Em 2010 foi eleito o mais jovem senador daquela legislatura, e foi reeleito em 2018.

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