A ASTRONOMIA E A MORTE DO ÚLTIMO DEUS

02/11/2009

 

O desenvolvimento da civilização é o responsável pela eliminação de quase todos os deuses, seres que o homem acredita serem os condutores dos destinos humanos e todo o universo.  O Desenvolvimento de todas as ciência conduziu ao esclarecimento da falácia dos seres sobrenaturais.  Mas a Astronomia é o principal ramo científico que vem matando lentamente e levará ao sepultamento o último deus. 

Para o homem primitivo, os fenômenos da natureza eram resultados de atos de seres sobrenaturais, aos quais chamou deuses.  Assim, a chuva, o vento, o movimento das águas, o crescimento das plantas e de todos os seres vivos estava sob o comando desses entes invisíveis.  O trovão era a voz de um deus; o relâmpago e o raio, a manifestação de seu grande poder.  Aves eram deificadas pela sua capacidade de se movimentarem pelo ar; os peixes também tinham algo de divino, por não morrerem afogados na água; a serpente, por movimentar tão bem sem ter pés.  Os astros também seriam os deuses, que estavam a nos observar de lá do alto.

Vendo a diversidade de seres vivos, o homem deve ter imaginado também que cada espécie fosse a imagem e representação de um determinado deus.   Isso está implícito na adoração que se fazia a estátuas de animais.   E, quando os monoteístas escreveram: "Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança" (Gênesis, 1: 26), apenas estavam desistindo da antiga idéia e propondo que o homem era o único ser a representar a divindade.

Estudos encontram vestígios de que o monoteísmo (a crença na existência de um único deus) surgiu no Egito. Entretanto, a idéia predominou e alcançou todo o mundo por meio do Judaísmo e seu herdeiro, o Cristianismo.

Os hebreus, povo inicialmente politeístas, tornaram-se gradativamente monoteístas, sistema que se cristalizou com o início da formação da Bíblia, ocorrido no reinado de Josias em Judá. 

Divididos em dois reinos (Judá e Israel), os hebreus acreditavam ser povo escolhido de Yavé, o único deus, o criador de todas as coisas, crença esta que predominou em Judá. 

Quando Josias determinou a reforma do templo de Yavé, disse haver encontrado no templo um livro escrito por homens escolhidos de Yavé, contendo o relato da criação do universo, a destruição da humanidade por um dilúvio universal e, após o repovoamento da Terra, a escolha de um homem cuja descendência representaria esse deus e dominaria o mundo (II Reis, 22: 1-8).   Josias levou bem a sério o monoteísmo, mandando matar todas as pessoas que adorassem outros deuses (II Reis, 23: 19-21).  Daí em diante, a verdade passou a ser o que constava do livro encontrado no templo.

O livro dito encontrado no templo, que parece ter sido montagem apressada de escritos de vários escribas, contém um grande número de contradições, fruto da divergência dos seus autores quanto às lendas que compõem o Judaísmo, doutrina monoteísta que aponta Yavé como o único e verdadeiro deus e o povo judeu como seu povo seleto destinado a dominar sobre todas as nações.  A essa coleção inicial, foram acrescidos diversos outros textos ao longo de mais alguns séculos da aventura judaica pelo mundo. São os livros atribuídos aos reis Davi e Salomão e a diversos profetas que viveram até próximo da completa ruína da nação judaica pelo domínio romano.

Segundo o Judaísmo, esta é a verdade sobre o universo:

Yavé, o deus criador de todas as coisas, seis milênios atrás, criou a Terra, os céus e tudo que neles há em um só dia (segundo o autor do texto que segue a partir do quarto versículo do capítulo 2 do primeiro livro (Gênesis), ou o fez em seis dias (visão do autor do primeiro capítulo de gênesis, que se prolonga até o terceiro versículo do capítulo 2 (Ver detalhes da contradição em QUANDO YAVÉ CRIOU OS VEGETAIS). 

Num esforço de harmonizar os textos, prevaleceu a idéia da criação em seis dias.  Assim, a origem do universo que foi levada ao mundo pelo Cristianismo, doutrina surgida do Judaísmo é que:

Yavé criou a luz no primeiro dia (Gênesis, 1: 1-5), fez separação entre a luz e as trevas no segundo dia (Gênesis, 1: 6-8) fez surgir a Terra no meio das águas e criou os vegetais no terceiro dia (Gênesis, 1: 9-13), criou o Sol, a Lua e as estrelas no quarto dia (Gênesis, 1: 14-19), fez que a Terra produzisse seres vivos na água e as aves no quinto dia (Gênesis, 1: 20-23) e, no sexto dia, criou todos os animais terrenos e, por último o homem (Gênesis, 1: Gênesis, 1: 24-31), repousando no sétimo dia (Gênesis, 2: 1-3).

Sem levar em conta a sequência criacional, que também é desmentida pelas ciências e pela própria Bíblia no capítulo seguinte (Gênesis, 2:4-23), vamos nos deter aqui no tema referente aos astros, onde os criadores dos deuses mais se enganaram.

No tempos dos escritores bíblicos, o mais sábios dos homens que olhasse para o céu via dois grandes astros (o Sol e a Lua) que os autores bíblicos chamaram de "os dois grandes luminares", e via "também as estrelas" (Gênesis, 1: 16), astros bem pequeninos, da mesma forma que foi vista até pelo deus filho que, segundo o cristianismo foi enviado para tirar o pecado do mundo.   Tanto que o evangelho diz que ele anunciou que próximo à sua volta para buscar seus escolhidos, "as estrelas cairão do céu" (Mateus, 24: 29).   

Todos os ramos da ciência nos mostra claramente que a verdade divina daqueles tempos não ultrapassava os limites dos conhecimentos dos homens que produziram a Bíblia.   Mas a Astronomia é que está dando o golpe final para a execução do último deus.

1 - Com o desenvolvimento da visão telescópica, o homem já contrariou extremamente a verdade divina, ao mostrar que a Terra não é o centro do universo e que,  ao invés de o sol caminhar de uma a outra extremidade do céu (Salmos, 19: 5, 6) para iluminar a Terra, é a Terra que gira em torno do Sol. 

2 - Mas a destruição do geocentrismo foi só o começo.   Avistando onde o homem do passado não conseguia enxergar, o homem moderno descobriu que as estrelas que, segundo o cristianismo, seriam capazes de cair sobre a Terra "como a figueira quando abalada por vento forte, lança seus figos verdes", na realidade são milhares e milhões de vezes maiores do que a Terra, sendo impossível elas caírem aqui.

3 - Além da impossibilidade da queda das estrelas, a visão telescópica lançou por terra também a idade bíblica do universo.   Descobrindo a velocidade da luz, e passando o homem a enxergar a milhões de anos luz, vemos imagens existentes milhões de anos atrás, desmentindo a palavra divina que afirma que o universo tem apenas seis milênios de existência.

Não foi o homem, mas o próprio Yavé, deus criador de todas as coisas, que disse, segundo a chamada "verdade": "Não farás para ti imagem esculpida, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra." (Êxodo, 20: 4).  Isso não nos deixa dúvida, quem escreveu tal mandamento não era um ser onisciente, mas um homem que pensava que a Terra estivesse a flutuar sobre as águas do mar, como se cria à época.  Hoje, um deus não diria isso, porque sabemos que a Terra não está sobre águas, mas as águas estão sobre a Terra.

Segundo o evangelho cristão de Mateus, logo após o batismo de Jesus, ele foi para o deserto, onde jejuou por quarenta dias, e lá Satanás, o anjo caído, o levou ao cume de um alto monte, mostrando-lhe "todos os reinos do mundo, e a glória deles" (Mateus, 4: 8).  Esse fato seria possível se a Terra fosse plana como um disco a flutuar sobre as águas como se cria naqueles dias.  Como a Terra é esférica, nunca seria possível de qualquer lugar avistar toda a sua superfície.  Mais uma prova de que a verdade divina não passa do limitado pensamento humano.

Enquanto o homem estava preso à Terra, sem a visão telescópica, quase tudo que está escrito na Bíblia permanecia como verdade incontestável.  Mas, após se desgarrar da Terra e conhecer a sua forma, ter noção das dimensões das estrelas e avistar a milhões de anos-luz, tornou-se insustentável a ideia de que esse maravilhoso livro tenha sido escrito por um ser onisciente criador de todas as coisas. A Astronomia, embora o faça gradativamente, representa o fim do deus onisciente que ainda sobrevive nas cabeças da maior parte da humanidade.

 

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