A INUTILIDADE DE BABEL

- 16/03/2003 -

 

O FENÔMENO RELATADO NO MITO DE BABEL NÃO É NADA MAIS DO QUE O QUE ESTÁ OCORRENDO AINDA HOJE, QUANDO O POVO DO INTERIOR DIZ "BÃO" EM LUGAR DE "BOM".

"Li o texto sobre a confusao de linguas em babel e não concordo com você.  Você fala muito em hipóteses=A gente faz que é pra vê como é que fica se fosse. Isso é hipótese. Se fosse... mas não e´...  O texto citado de a mais de cem anos atraz realmente tem mudanças, mas continua sendo português nao mudou para outra lingua.  Portanto a extinta lingua hebraica, continuaria (com muitas variantes) hebraica até hoje se não fosse a confusão em Babel por providencia divina" (e-mail de um leitor).

Eu realmente apresentei algumas hipóteses que, se fossem, poderiam minimizar o caráter absurdo da lenda da Torre de Babel. Mas, com suporte nos dados arqueológicos e a lógica da evolução da língua, podemos descartar todas as hipóteses apresentadas.

O que os estudos arqueológicos revelam é que em períodos muito mais remotos do que aquele em que dizem ter ocorrido o fenômeno atribuído à maldição de Babel, já havia muitas línguas.

O que hoje dizemos “cinqüenta”, há dois mil anos, nossos ancestrais falavam “qüinquanginta”. Se fôssemos retroceder mais uns dois mil, a palavra seria ainda outra.

O próprio leitor que questiona essa realidade lingüística, fala da “extinta língua hebraica”, dizendo que ela continuaria se não fosse a maldição de Babel. O que deveria pensar é o contrário: se as línguas se tivessem diversificado somente com tal dita maldição de babel, a língua hebraica estaria até hoje tal qual teria sido ao surgir em Babel. Desde que o homem começou a fazer registro gráfico, da escrita mais primitiva ao nosso moderno alfabeto, nunca as línguas foram estáticas. Nenhuma língua existente há cinco mil anos permaneceu até hoje. As mudanças foram tantas, que formaram novas línguas. Um exemplo bastante recente são os idiomas Português, Castelhano (Espanhol) Italiano, Francês e Romeno, todos chamados de neolatinos, porque resultaram da evolução do latim; e hoje existem diferenças entre as línguas faladas na Argentina, na Bolívia, na Colômbia, etc., todas vinda do mesmo povo espanhol colonizador. Nenhum fenômeno social poderia ser mais claro do que a evolução da língua. O texto que citei do século XIX era português, um pouquinho diferente do que temos hoje. Se eu buscasse um do século XVI, ele seria um pouco mais diferente. Se retrocedesse mais de mil anos, nem seria português. O primeiro documento redigido em português de que se tem notícia é do século XIII. Para aceitar o mito de babel, teríamos que dizer que os deuses estão agindo até hoje sobre o povo.

Atualmente, ante a grande integração mundial, o número das línguas tende a ser reduzido. Mas no passado, quando não havia meios de comunicação nem gravação, as mudanças eram céleres. Se pegarmos um texto em Português de setecentos anos atrás, certamente será bem difícil para os leitores de hoje.

Para melhor compreender o processo de evolução da língua, leia também A CACOÉPIA E A EVOLUÇÃO DA LÍNGUA

A Torre de Babel é mais um dos muitos contos tentando explicar coisas que eram muito mistério para aqueles tempo, mas que hoje já são facilmente explicáveis.

 

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