O INFERNO, LUGAR INVENTADO PARA OS MAUS E OS NÃO RELIGIOSOS
-- 17/02/2003 -

 

 

 

 

 

O Inferno existe? Originalmente, a palavra se referia à sepultura. Posteriormente, com o mesmo nome foi criado um lugar de tormento para os maus.  Os judeus não conheciam essa ideia antes de viverem na Babilônia.  Para parte dos cristãos, é um lugar onde os maus irão sofrer eternamente, algo incompatível com justiça.

 

O que significa a palavra inferno? Como externo é de fora e interno é de dentro, não é difícil entender que superno é de cima e inferno é de baixo. Mas, em se tratando de religião, não é tão simples assim.

 

"Ou, se o teu pé te fizer tropeçar, corta-o; melhor é entrares coxo na vida, do que, tendo dois pés, seres lançado no Vale de Hinon, onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga." (Marcos, 9: 45, 46).  A maioria das versões bíblicas em português traduzem Geena, versão grega de gei Hinon (vale de Hinon), que aparece no versículo acima, como inferno. Mas nos outros lugares onde vemos a palavra inferno ela é traduzida do grego hades e do hebraico sheol.

 

Nota: O termo grego "geenan", traduzido nas bíblias para "inferno", é a versão do hebraico "gei-hinon" = Vale de Hinon. O latim "infernus" corresponde ao grego "hades" e ao hebraico "sheol" = sepultura, mas passou a ser usado pelos judeus e cristãos como um lugar de tormento eterno.

 

Há mestres religiosos, no entanto, que rejeitam o significado simples da palavra “inferno” dizendo que nunca significa sepultura. Mas há textos bíblicos indiscutíveis, como o seguinte: “Não descerá meu filho convosco; porquanto o seu irmão é morto, e só ele ficou. Se lhe suceder algum desastre pelo caminho em que fordes, fareis descer minhas cãs com tristeza ao Sheol” (Gênesis, 42:38). Para acatar a opinião dos tais mestres, teríamos que afirmar que Jacó acreditasse que seu filho falecido estivesse a sofrer no referido lago de fogo eterno e que ele próprio desceria para lá. A Bíblia contém muitas afirmações absurdas; mas não chegaria a esse ponto. Assim só podemos crer que o escritor bíblico estivesse referindo-se à sepultura com a palavra “sheol”. Ademais, os escritos do Velho Testamento não contém a crença de sofrimento após a morte. A exceção é o livro de Daniel, que contém pelo menos parte escrita nos moldes do que creem os cristãos (Veja-se A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS).

 

Pedro, ao pregar que Jesus ressuscitou no terceiro dia de sua morte, citou o salmo que diz: "Não deixará a minha alma do inferno, nem permitirá que teu santo veja corrupção." (Atos, 2: 27). A palavra no salmo (Salmos, 16: 10) era "sheol", no grego (Novo Testamento) era "hades", correspondente ao latim "infernus", referindo-se claramente à sepultura, onde o pai não teria deixado apodrecer seu santo filho.  Na realidade, o salmista estava se referindo a si próprio, dizendo que seria protegido por Yavé, o qual não deixaria que os outros tirasse a vida dele; nada de referência ao suposto Jesus.

 

O Vale de Hinon era o local onde eram lançados os cadáveres dos condenados à morte, assim como carcaças de animais. Lá tudo era comido pelos vermes ou destruído pelo fogo, que estava constantemente a arder. Não havia lugar melhor para Jesus ilustrar o destino dos que não seguissem os seus ensinamentos. 

 

No final do livro de Daniel, encontramos a primeira promessa de ressurreição de bons e maus, "uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno" (Daniel, 12:2), indicando que os judeus já haviam aprendido algo parecido com esse inferno.

 

Há, no entanto, uma ocorrência da palavras "hades" que fala de lugar de sofrimento.  Está na parábola "Rico e Lázaro".  Aí fala que o rico se encontrava em tormento no "hades".  Vê-se que alguns dos autores do novo testamento usavam mesmo a palavra com esse significado.

 

A parábola "Rico e Lázaro", que apresenta o rico em tormentos e o Lázaro feliz no seio de Abraão, foi um dos principais textos a sustentar a teoria de que o homem tem uma alma imortal, que sai do corpo após a morte e vai para o céu ou para o inferno, nome atualmente dado ao suposto "lago de fogo" em que serão lançados os maus segundo a visão de João no Apocalipse.

 

Na Idade Média, explicava-se que as erupções vulcânicas eram chamas do inferno lançadas pelos demônios.

 

Há várias versões para a punição divina dos maus. Para os católicos, os perdidos morrem e suas almas imateriais vão diretamente para o inferno, padecer infindavelmente; os outros vão para um outro lugar, denominado "purgatório", onde sofrerão até pagar os pecados, indo a seguir para o céu. Para vários outros grupos cristãos, a maioria, as almas dos maus vão diretamente para o inferno ao morrerem, passando a sofrer também o castigo eterno, e as almas dos agraciados de Deus vão para o céu, para a vida eterna. Para alguns outros cristãos, inclusive adventistas e testemunhas de Jeová, essa alma imaterial não existe, mas os mortos ressuscitarão no dia do julgamento divino, indo os bons para o céu e os maus sendo lançados no lago de fogo, para serem consumidos, porém não havendo um castigo sem fim, o que não poderia coincidir com a imagem de um deus justo. Algumas religiões mais primitivas tem ideia de um lugar de tormento também aproximado do pregado pelos católicos e protestantes.  Nem nisso eles foram originais.

 

O inferno de fogo não existiu na lenda patriarcal nem fez parte da leis de Yavé. Pelo que lemos em Daniel, os judeus aprenderam na Babilônia sobre vida eterna e desprezo eterno. Os cristãos, criadores do Novo Testamento, é que disseminaram o inferno de fogo pelo mundo.  Dizem os estudiosos dos mitos gregos que eles acreditavam em um lugar chamado hades onde ficavam presos os mortos maus. Isso indica que os cristãos já estivessem usando a palavra, não como sepultura, mas como esse lugar horrível de tormento eterno, que os judeus não conheciam mas vieram a conhecer quando subjugados por outros povos.

 

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