O ESTADO CUMPRINDO SEU DEVER
26/02/2003
O Estado é o povo politicamente organizado. Cobra tributo, tendo o dever de
prestar alguns serviços. Coibir os excessos de liberdade que atentam contra a
coletividade é um desses deveres. No Estado há corrupções e injustiças, mas, sem
o Estado prevaleceria mais livremente a lei do mais forte. Não gostaria de viver
em um estado autoritário ditatorial, mas muito menos em uma anarquia. Se em uma
democracia ainda há tantas barbaridades, o que não haveria em um lugar onde não
existisse um poder público para reprimir?
O que o Estado procura em relação ao tabaco é minimizar o desastre que sua
propaganda causa, arregimentando mais pessoas para se entregarem ao vício. Um
fumante que respeita as outras pessoas não tem que temer a ação do Estado,
porque não estará transgredindo a norma. O Estado algumas vezes, ainda que nem
todas, cria regras que desagradam a uns poucos porque está atendendo aos justos
anseios de muitos. Não digo que tudo que o Estado faz seja bom; mas o que faz de
bem deve ser reconhecido.
Quanto aos filmes e novelas, são eles perniciosos ao trazerem personagens
fumantes, porque esses existem exatamente graças ao patrocínio dos produtores de
cigarro, que aplicam copiosa soma de dinheiro para que essas pessoas passem à
juventude a imagem do vício, como uma recomendação de comportamento:
“A utilização do cinema, como fonte de influência para a juventude começar a
fumar, pode ser constatada por uma revelação recente (segundo o jornal O Globo -
9/12/97), de que o ator Sylvester Stallone, recebera, em 1983, 500 mil dólares
da indústria de cigarro Brown & Williamson, para fumar cigarros da empresa em,
pelo menos, cinco de seus filmes.” (www.cigarro.med.br, pág. eletrônica do
Dr. Jorge Alexandre Sandes Milagres”).
A atriz Mel Lisboa tornou-se fumante ao fazer a série “Presença de Anita”. Por
traz disse devia ter um grande patrocínio de produtores de cigarros. Inúmeras
jovens devem ter-se esforçado para aprender a fumar ao ver aquela bela
personagem fumando, assim como os jovens dos anos 60 se viam forçados a aprender
a fumar diante da onda de imitação dos astros de Hollywood, astros estes que
também foram cedo para debaixo da terra.
“... colaboraram para essa sinistra empreitada - como verdadeiros mártires -
Hamphrey Bogard” (Bogart),” John Ford, Marcello Mastroianni, desfilando em
dezenas de famosos filmes, sempre carregando o inseparável cigarro na hora de
interpretar o papel do bom mocinho, temido pelos homens e amado pelas mulheres.
Também compartilharam o mesmo tipo de morte em conseqüência de doença pulmonar”
(Jornal O TEMPO, 26/02/98, pág. 2).
Boa pergunta: “O que será que nos distingue das bestas?” Não obstante o aparato
estatal contra a violência ainda há muitos humanos comportando-se de forma bem
menos civilizadas do que as bestas. O certo é mesmo sermos “homens adultos” e
“relacionar de forma civilizada”. Mas as leis são necessárias contra os que
querem fazer o contrário.
O “bom e velho livre arbítrio” de que fala o colega Eduardo Candido não pode ser
justificativa para “arbitrariedade”. A fabricação e distribuição de cigarros
preenche todos os requisitos de CRIME CONTRA A
SAÚDE PÚBLICA, e o Estado nunca reconheceu isso, talvez seja por
tolerância para com os seus poderosos fabricantes. O que está fazendo é o mínimo
para amenizar o mal tolerado.
Quem acha que o vício compensa, que o pratique dentro dos limites permitido,
para que os danos causados se limitem a ele próprio. Eu sei que há fumantes
conscientes de que não devem causar mal aos outros. Mas uma grande parcela deles
não estão preocupados com o incômodo que causam. Devido a esses é que existem
leis restritivas.
A outra colega disse: “Afinal, estamos, ou não, numa democracia?” Sim, estamos
numa democracia. Decidindo democraticamente, os que querem incomodar os outros
com fumaça estarão mal, porque já são menos de um quinto da população. Seria
muito bom que o Estado agisse sempre democraticamente.
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