COMEÇA A VACINAÇÃO EM SÃO PAULO

 

Enfermeira de São Paulo é a primeira brasileira vacinada contra a Covid-19
A enfermeira negra Mônica Calazans, de 54 anos, atua na linha de frente no combate à pandemia e tem perfil de alto risco para complicações da doença
Por Giulia Vidale

Atualizado em 17 jan 2021, 15h35 

Publicado em 17 jan 2021, 15h30
 

Mônica atua na UTI do Hospital Emílio Ribas, na linha de frente no combate à pandemia. 

A enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, é a primeira brasileira a ser vacinada contra a Covid-19. Mônica recebeu a dose da CoronaVac, vacina desenvolvida pela Sinovac em parceria com o Insituto Butantan, neste domingo, 17. A imunização ocorreu logo após a liberação do uso emergencial da vacina pela Anvisa.
Mônica atua na UTI do Hospital Emílio Ribas, na linha de frente no combate à pandemia. O local possui 60 leitos dedicados à Covid-19 e desde abril mantém mais de 90% de taxa de ocupação. Além de estar na linha de frente, a enfermeira tem perfil de alto risco para complicações da Covid-19: é obesa, hipertensa e diabética.
A enfermeira, que é viúva e mora com o filho Felipe, de 30 anos. Há dez meses na linha de frente, nem ela, nem o filho se infectaram com a Covid-19. Mônica diz que é minuciosa nos cuidados de higiene e distanciamento no trabalho e quando chega em casa. Outro forte motivo para tentar se proteger é o cuidado e ajuda à mãe, uma senhora de 72 anos, que vive sozinha em outra casa e que também não foi infectada. Sentiu a Covid-19 chegar bem perto quando teve o irmão caçula, auxiliar de enfermagem de 44 anos, internado por 20 dias com a doença.
Mulher de muitos recomeços, Mônica atuou como auxiliar de enfermagem durante 26 anos e resolveu fazer faculdade já numa fase mais madura. O diploma veio aos 47. “Quem cuida do outro tem que ter determinação e não pode ter medo. É lógico que eu tenho me cuidado muito a pandemia toda. Preciso estar saudável para poder me dedicar. Quem tem um dom de cuidar do outro sabe sentir a dor do outro e jamais o abandona,” disse Mônica.
Em maio, quando a pandemia atingia alguns de seus maiores picos, se inscreveu para vagas de Contrato por Tempo Determinado e, dentre vários hospitais, escolheu trabalhar no Emílio Ribas, mesmo ciente de que a unidade estaria no epicentro do combate à pandemia. Segundo ela, a vocação falou mais alto.
Mônica confessa que os piores momentos são sempre quando sente que o SUS está operando no limite. Otimista com a vacina, ela acredita que a imunização será essencial para que os brasileiros possam voltar a ter uma vida normal.
Apesar da rotina intensa e puxada, com o trabalho cada vez mais volumoso nos seus plantões de 12h, ela tenta manter o discurso sempre otimista e o equilíbrio emocional aproveitando os momentos de folga para assistir a séries, jogos do Corinthians (de quem é torcedora fiel) e ouvir Seu Jorge, o músico favorito. É na fé e na religiosidade, no entanto, que também se apega para se sentir mais confiante. Todos os dias reza por ela, pelos familiares, mas também por todos os colegas do trabalho e até pelos pacientes. “Eu tenho em mente sempre que não posso me abater porque os pacientes precisam de mim, por isso tenho sempre uma palavra de positividade e de que vamos sair dessa situação. O que me ajuda também é o prazer que sinto com o meu trabalho”, afirma a enfermeira.

<https://veja.abril.com.br/saude/enfermeira-de-sao-paulo-e-a-primeira-brasileira-vacinada-contra-a-covid-19/>

 

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