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ANEURISMA E O TABACO
Aneurismas:
maioria está ligada ao fumo
A cada 3 casos da doença, 2 ocorrem em tabagistas, indica análise da pasta
estadual da Saúde
07 de dezembro de 2011 | 9h 16
SÃO PAULO - Dois em cada três casos de aneurisma cerebral estão ligados ao
tabagismo, segundo um levantamento da Secretaria de Estado da Saúde obtido pelo
JT. A análise leva em conta 250 pacientes atendidos nos últimos dois anos na
capital por meio do serviço de neurocirurgia do Hospital de Transplantes do
Estado de São Paulo. Do grupo analisado, 155 pacientes, 62% do total, fumavam
regulamente quando apresentaram o problema, caracterizado pela dilatação anormal
de uma artéria cerebral, que pode se romper, provocar hemorragia, e levar à
morte.
O tabaco ataca a parede dos vasos sanguíneos do cérebro. “Já existem estudos
provando essa relação, mas não tínhamos ideia de que a porcentagem de tabagistas
seria tão alta”, revela o coordenador do serviço de neurocirurgia vascular do
Hospital de Transplantes, Sérgio Tadeu Fernandes. Segundo ele, o cigarro destrói
uma proteína elástica (elastina) presente na parede das artérias, tornando-as
mais frágeis.
Além de mais vulneráveis ao aneurisma, os fumantes tendem a desenvolver a forma
mais agressiva da doença. “Quem fuma e tem aneurisma corre um risco 10 vezes
maior de que esse aneurisma sofra uma ruptura”, diz Fernandes. O dado é
preocupante porque tem relação com a mortalidade causada pela doença: 12% dos
pacientes que têm hemorragia cerebral morrem antes de chegarem ao hospital.
Fernandes afirma que, segundo a literatura médica, passados trinta dias após o
rompimento do aneurisma, até 50% dos pacientes apresentarão sequelas que
impedirão a volta à rotina normal - dificuldades motoras, paralisias, problemas
de fala, alterações de força, além de déficit de linguagem e cognição estão
entre as principais.
Elaine Dantas Figueiredo, de 32 anos, teve sorte. Foi operada em outubro, após o
rompimento de seu aneurisma, mas conseguiu se recuperar totalmente. No caso
dela, o sucesso é dobrado: está no sexto mês de gravidez (veja abaixo). Seu
desafio, agora, é abandonar o fumo, vício que carrega desde os 12 anos. O
problema, dizem os médicos, é que o cigarro está ligado ao surgimento de novos
casos também em pacientes que já trataram a doença.
Os médicos caracterizam o aneurisma cerebral como “traiçoeiro” já que, na
maioria dos casos, só apresenta sintomas quando a artéria acometida se rompe. “A
pessoa não se percebe doente, apesar de ter uma artéria doente. Quando ocorre a
ruptura, há o extravasamento de sangue e o paciente tem uma dor de cabeça súbita
e aguda. Naquele momento, descreve a pior dor de cabeça de sua vida”, explica
Fernandes. Náuseas e vômitos também são sintomas possíveis.
A pesquisa também apontou que 80% dos pacientes atendidos são, assim como
Elaine, mulheres. Alguns especialistas investigam a ligação da doença com
alterações hormonais próprias do organismo feminino. Sabe-se, também, que elas
têm vasos sanguíneos mais delicados e sinuosos em relação aos homens. Mas, além
do cigarro, há outros fatores de risco para a doença: hipertensão, diabete,
aumento do colesterol e triglicérides, consumo de álcool, além de malformação
congênita das artérias.
Atualmente, muitos aneurismas são descobertos por acaso, em check-ups ou exames
pedidos por conta de outros problemas, diz o neurologista Antonio Cezar Galvão,
do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho. Segundo ele,
cerca de 5% da população tem a doença, mas a maioria não é detectada nem mesmo
nos exames.
Galvão afirma que o rastreamento da doença é indicado quando há múltiplos
aneurismas em um paciente, fator que indica uma tendência familiar para a
doença. Nesses casos, é recomendada uma investigação nos familiares. O exame
próprio para a detecção é a angiografia por tomografia ou ressonância magnética.
Fonte : Estadão.com.br
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