A PALAVRA QUE O SENHOR NÃO FALOU

 

"Quando o profeta falar em nome do Senhor e tal palavra não se cumprir, nem suceder assim, esta é a palavra que o Senhor não falou; com presunção a falou o profeta; não o temerás." (Deuteronômio, 18:22).  Diante dessas palavras atribuídas a Moisés, podemos ir em busca, para tentar encontrar onde está "a palavra que o Senhor falou".

 

Embora digam que profetas viram fatos de duzentos ou trezentos anos posteriores aos seus dias, disseram até nomes futuros, quando fui analisar, encontrei, em cada uma dessas previsões, indícios de que eles não viram o futuro, podendo enquadrar as suas palavras em "a palavra que o Senhor não falou".

 

Primeiramente, temos a mais antiga promessa feita aos patriarcas e depois detalhada por profetas dos tempos dos reis.  O trono de Davi seria eterno, como os dias do Sol e da Lua, nunca teria fim. E essa monarquia judaica não sobreviveu aos dias do cativeiro babilônico, acabaram os reis judeus, e, por último, perderam até a terra da promessa nos dias romanos.  Em seguida, podemos analisar as palavras de Miqueias, que previu que um rei judeu nascido em Belém iria destronar o poderoso império assírio e repatriar os israelitas que estavam exilados, estabelecendo doravante aquele reino eterno, que jamais seria abalado.  Todavia, Josias, o rei que pretendia estabelecer esse reino, morreu em uma batalha contra um faraó egípcio, e os judeus ficaram sob o poder desse faraó, até que veio o rei da Babilônia e, esse sim, destronou a Assíria, colocando assírios, israelitas, judeus, todos na mesma posição de servos.  Assim, a palavra de Miqueias também foi "palavra que o Senhor não falou".  Depois veio Isaías. Esse previu a queda de Babilônia, após a qual seria construída a nova Jerusalém, onde nunca mais os judeus seriam molestados.  Babilônia caiu, sim, mas sob o domínio dos medos e persas, sob cujo domínio ficou o povo que deveria estabelecer o reino eterno.   Viveram sob o domínio medo-persa e depois sob o grego, e nada do estabelecimento do reino judeu sobre as nações.  A palavra de Isaías também foi "palavra que o Senhor não falou".  Mas o pior estava por vir.  Na divisão do império grego após a morte de Alexandre o Grande, na nação que se dizia divinamente escolhida caiu sob o poder da dinastia dos Selêucidas, a parte do império que tocou ao geral Seleuco.  Quando o poder passou para um tal Antíoco Epífanes, esse quis acabar com a religião judaica: matou o sumo sacerdote judeu, constituiu seus sacerdotes para oferecer no santuário judaico, sacrifícios de carne de porco, um dos animais mais abominados pelos judeus e pela lei de Yavé. Até o fim da vida, torturou e matou aqueles que se opusessem à nova ordem religiosa.  Um dia um judeu chamado Judas Macabeu superou o sucessor de Antíoco e reconstruiu o santuário.  Nesses dias deve ter surgido a profecia de Daniel, que religiosos acreditam ter sido escrita nos dias do império de Babilônia.  Aí a previsão dos capítulos 8 a 12 de Daniel é que os reinos do mundo seriam entregues "aos santos do altíssimo", isto é, aos judeus.  Até parecia que dessa vez eles iria estabelecer o tão previsto, tão sonhado reino eterno.  No entanto, durou pouco a esperança desse domínio sobre as nações. Vieram os romanos e dominaram a todos.  Foi esse o mais longo império opressor, que terminou destruindo a chamada cidade santa e posteriormente expulsando os escolhidos de Yavé da terra da promessa.  A palavra de Daniel, assim como a dos profetas anteriores, não poderia ser considerada palavra que o Senhor falou.  E surgiram os cristãos com seu mito homem-deus crucificado e ressuscitado.   Yeshua (Jesus) teria previsto essa grande tribulação, após a qual ocorreriam formidáveis fenômenos astronômicos (escurecimento do Sol e queda das estrelas), e esse Jesus apareceria nas nuvens dos céus com poder e grande glória, para reunir seus seguidores e formar seu reino eterno.    Passaram dois milênios, a grande tribulação teve fim, mas o Sol continuou a brilhar, e hoje se sabe ser impossível as estrelas caírem.  Essa foi a última "palavra que o Senhor não falou".   E, chegamos ao Apocalipse, que traz muitas figuras inspiradas nas profecias de Daniel, com algumas modificação, mas também não encontramos ali a "palavra que o Senhor falou".  

 

No fim das contas, constatamos que todas as profecias falharam e que esse Senhor nunca falou coisa alguma.  "Tudo é palavra que o Senhor não falou".

 

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