TIAGO, IRMÃO DE JESUS, O CHAMADO CRISTO

 

Depois de um texto suspeito que os analistas concluíram ser um parágrafo incluído na obra de Flávio Josefo séculos depois de seus dias, aparecem os cristãos com mais um mencionando Jesus.  Todavia, o tal Jesus não parece ser o Jesus dos cristãos.

 

"E agora César, tendo ouvido sobre a morte de Festus, enviou Albinus à Judeia, como procurador. Mas o rei privou José do sumo sacerdócio, e outorgou a sucessão desta dignidade ao filho de Ananus [ou Ananias], que também se chamava Ananus. Agora as notícias dizem que este Ananus mais velho provou ser um homem afortunado; porque ele tinha cinco filhos que tinham todos atuado como sumo sacerdote de Deus, e que tinha ele mesmo tido esta dignidade por muito tempo antes, o que nunca tinha acontecido com nenhum outro dos nossos sumos sacerdotes. Mas este Ananus mais jovem, que, como já dissemos, assumiu o sumo sacerdócio, era um homem temperamental e muito insolente; ele era também da seita dos saduceus, que são muito rígidos ao julgar ofensores, mais do que todos os outros judeus, como já tínhamos dito anteriormente; quando, portanto, Ananus supôs que tinha agora uma boa oportunidade: Festus estava morto, e Albinus estava viajando; assim ele reuniu o sinédrio dos juízes, e trouxe diante dele o irmão de Jesus, o que era chamado Cristo, cujo nome era Tiago e alguns outros; e quando ele formalizou uma acusação contra eles como infratores da lei; ele os entregou para serem apedrejados; mas para aqueles que pareciam ser os mais equânimes entre os cidadãos, e igualmente mais precisos quanto as leis, eles não gostaram do que foi feito; eles também enviaram ao rei (Herodes Agripa II); pedindo que ele ordenasse a Ananus que não agisse assim novamente, porque isto que ele tinha feito não se justificava; alguns deles foram também ao encontro de Albinus, que estava na estrada retornando de Alexandria, e informaram a ele que era ilegal para Ananus reunir o sinédrio sem o seu consentimento. Albinus concordou com eles e escreveu iradamente a Ananus, e o ameaçou dizendo que ele seria punido pelo que havia feito; por causa disso, o rei Agripa tirou o sumo sacerdócio dele, quando ele o tinha exercido por apenas três meses, e fez Jesus, filho de Damneus, sumo sacerdote."

<Flávio Josepho, Antiquidades Judaicas, apud https://pt.wikipedia.org/wiki/Testimonium_Flavianum>

 

De quem estaria Flávio Josefo falando? De um Jesus executado, ou de um Jesus tornado sumo sacerdote

 

Quem usa esse texto atualmente como referência ao Jesus dos cristãos, na maioria das vezes, está simplesmente enganado, mas quem o usou pela primeira vez o fez de má-fé, pegando apenas a parte da frase que podia ser desviada do contesto.

 

"O tempo em que Festo governou a Judeia é impreciso, mas sabe-se que ele morreu antes do verão de 62, isso porque, nessa época, a província já estava sob a administração de seu sucessor, Albino, conforme se lê em Josefo (Guerra Judaica, VI. 5. 3). <https://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%B3rcio_Festo>

 

"Jesus, o que era chamado o Ungido" - cristo é o correspondente grego de "ungido" - devia ser assim chamado por ser alguém considerado digno da unção como sumo sacerdote, e seu futuro foi mesmo ser ungido "sumo sacerdote".   Aí, os cristãos pegam aquele pedacinho da obra que diz "e trouxe diante dele o irmão de Jesus, o que era chamado Cristo, cujo nome era Tiago e alguns outros" e apresentam como prova de que um escritor fez menção ao desconhecido Jesus de Nazaré, que teria sido executado e ressuscitado!   O Jesus citado por Josefo era, não o Jesus do Cristianismo, mas o filho de Damneus, que recebeu do Rei Agripa II o cargo de sumo sacerdote,  após a morte de Festo, que ocorreu no ano 62.

 

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