SORTE E AZAR, OS DOIS EXTREMOS DO ACASO

- 30/10/2006 -

 

Fala-se muito em sorte e azar, em pessoas sortudas e pessoas azaradas; mas sorte e azar são os dois extremos do acaso. O que fica no meio são coincidência, que passam despercebida.

Muitas vezes, dizem que certo indivíduo tem muita sorte, quando o tal é simplesmente muito esperto, não perdendo as oportunidades que encontra; ou, noutro caso, o indivíduo é hábil a ponto de sair bem eu tudo que faz.

Todavia, há acasos a que podemos atribuir o caráter de sorte ou de azar. Concordo até que alguém tenha tido sorte ou azar ao nascer. Só nunca encontrei fundamento para crer que uma pessoa tenha um destino inflexível traçado como o projeto de uma obra.

Se você caminha com dificuldade em meio a uma multidão de milhares de pessoas e tropeça e cai em cima de um desconhecido, sem nenhuma conseqüência mais, isso é uma coincidência neutra, a que você nunca chama de azar ou de sorte. E você até esquece que isso ocorreu.

Porém, se você segue apressado na multidão e dá uma trombada com aquela pessoa que tanto você gostaria de encontrar, e aquela trombada é seguida de bons momento, isso sim, é sorte.

Por outro lado, se você em sua pressa dá de cara com alguém mal-humorado, e esse xinga você, ocorre um babe-boca e até pancadas, ... ah, isso é um tremendo azar!

As três situações são coincidências, mas uma está no meio, e duas estão nos extremos do bem e do mal.

E agora, se pensarmos em duas crianças que nascem no mesmo momento, uma em um paupérrimo barraco numa favela e outra numa enorme mansão da Zona Sul? Não podemos negar que esta nasceu com muita sorte e aquela com poucas probabilidades de se dar bem na vida. Mas isso não significa que uma será inevitavelmente infeliz pelo resto da vida e a outra terá só sucesso. Pode ocorrer que essa rica morra num desastre aéreo e a pobre tenha muita força de vontade, lute muito e consiga mudar a própria vida.

Às vezes eu penso: se eu não tivesse nascido em uma família pobre de uma zona rural extremamente atrasada, hoje eu poderia estar em uma situação muito melhor do que estou. Mas não podemos negar que se eu tivesse nascido em uma grande metrópole, teria mais chances de ser uma das muitas pessoas que perdem a vida atingidas por uma bala perdida de um confronto de bandidos.

Como minha filosofia é: “não confie na sorte; o triunfo nasce da luta”, saí da roça e consegui me tornar funcionário de um tribunal federal, enquanto muitos dos que acreditam em um destino ou ficam esperando a ajuda divina permanecem lá.

"Sorte é a mistura da oportunidade com a capacidade de perceber e de aproveitar essa oportunidade" (Eugenio Mussak).

Autor do livro O Fator Sorte, lançado no Brasil pela Editora Record, o psicólogo britânico Richard Wiseman fez o primeiro trabalho científico exaustivo sobre o tema. Durante dez anos ele acompanhou cerca de 700 pessoas de 18 a 22 anos, metade considerada especialmente sortuda, metade azarada. Ao comparar o comportamento dos grupos, notou que cada um deles demonstrava um tipo oposto de atitude diante da vida. Os "sortudos" eram otimistas, tinham iniciativa própria e uma atitude proativa, além de atenção para as oportunidades que surgiam diante de seus olhos. Os "azarados" eram pessimistas ou simplesmente conformados, costumavam adotar atitudes defensivas diante dos problemas e - justamente por isso - deixavam passar oportunidades que às vezes eram óbvias. Os desafortunados que, a partir de certo momento, adotaram reações de vencedores passaram a ter mais sucesso, também notou Wiseman. "Posso até me considerar um cara de sorte por ter nascido numa família que me orientou para a vida e me deu oportunidade para estudar", admite Bernardinho. "Também consegui equipes fantásticas nas seleções feminina e masculina, que entenderam a filosofia de trabalho", diz. Mas Bernardinho não acredita no poder do acaso para definir as competições. "Sorte? Quanto mais eu me preparo, quanto mais eu estiver em forma, mais as coisas dão certo. Sorte para mim é isso, é criar hábitos positivos, ter disciplina e paixão", analisa. O pesquisador Wiseman apresenta o caminho das pedras. A partir de seus estudos, ele estabeleceu princípios psicológicos para fundamentar uma vida com sorte, e propôs exercícios para desenvolver essa qualidade.

Quando tenho problemas, algumas vezes são por acaso e outras são pelo meu próprio descuido. Ninguém planejou isso para acontecer comigo. Posso ter sorte e posso ter azar, e isso pode ser um pouco contrabalançado diminuindo os azares e aumentando as sortes, se eu tiver cuidado. Se eu passar muito debaixo de uma árvore com frutas maduras, eu tenho maiores probabilidades de receber uma delas na cabeça. Mas não significa que inevitavelmente isso vá acontecer. Pode até acontecer com alguém que passe muito menos no local. Isso é azar, é o acaso mau. Eu jogo na loteria e ainda não ganhei uma soma considerável. Posso até jogar a vida inteira e não ganhar. Mas, como alguém que passa debaixo de uma árvore e lhe cai uma fruta na cabeça, continuando a jogar, há probabilidade de eu ganhar a qualquer momento. Se isso ocorrer, será um acaso bom, que podemos chamar de sorte.

 

Veja um exemplo de um GOLPE DE SORTE.

 

Ver também DIA DE SORTE
 

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