REPOUSO SEMANAL - O NOSSO BOM FIM DE SEMANA:

SÁBADO, DOMINGO, OU OS DOIS

- 20/05/2001 -

 

O nosso direito de trabalhar cinco ou seis dias seguidos de um descanso remunerado não é antigo. Contudo, devemos sua origem remota aos sacerdotes caldeus. E não temos que trabalhar oito dias para ter em seguida um sábado e um domingo, graças ao limite do conhecimento astronômico dos antigos mesopotâmios, que não puderam avistar Urano, Netuno, nem Plutão.

Os sacerdotes caldeus, ao inventarem as divisões do tempo, o ano (período de translação da Terra) e o mês (decurso de uma revolução lunar), criaram a semana (latim septimanas = sete manhãs) em honra aos sete astros que chamaram de astros errantes, por não seguirem o mesmo caminho das estrelas, mas eram representantes de deuses.  “Inventaron... la semana dividida en siete días, en honor de los siete astros” (A. Malet, História del Oriente, pág. 118) Os nomes dos dias da semana no calendário romano, dies solis (dia do Sol), lunae (da Lua), martis (de Marte), miercolis (de mercúrio), juevis (de Júpiter), viernis (de Vênus) e saturni (de Saturno) mostram a adoração que tinham pelos sete componentes conhecidos do nosso sistema solar à época, excluída a Terra, que imaginavam ser o centro do sistema, em vez do Sol.  Iam além: tinham a Terra como o centro do universo. Os hebreus, que certamente não tinham informação da origem da semana (“septimanas” = sete manhãs), informaram que o criador do universo fez todas as coisas em seis dias e descansou no sétimo dia, estabelecendo o dever de não trabalhar no sétimo dia da semana. Mas a origem astrológica se confirma pelos nomes que várias línguas dão aos dias. Os cristãos primitivos, conforme escreveu Paulo aos cristãos de Colossos, não se submetiam aos preceitos de guardar “dias de festa, lua nova ou sábados” (Colossenses, 2:16). Todavia, posteriormente os cristãos romanos converteram o “dies solis” (dia do sol) em “dies dominicum” (dia do Senhor), em homenagem à ressurreição de Jesus, que teria ocorrido no primeiro dia da semana.  Posteriormente, “O papa Silvestre I, líder cristão entre 314 e 335, ... dividiu a semana da seguinte maneira: feria prima, feria secunda, feria tertia, feria quarta, feria quinta, feria sexta e feria septima.” (SUPERINTERESSANTE, dez/1999, pág. 21). “Féria” significava comemoração. Para o Papa Silvestre, todos os dias seriam sagrados. Embora tenhamos adotado os novos nomes dados pelo Papa, quanto ao sétimo dia prevaleceu a tradição hebraica e o primeiro ficou mesmo como domingo (dies dominicum ou dominicum dies).  Séculos depois, Napoleão III, que gostava muito de trabalhar, ou mais provavelmente, queria ver seus súditos trabalhando mais, substituiu a semana por um período de dez dias.  Esse novo calendário, por sua vez, não agradou a ninguém e foi revogado poucos anos depois.

Quando o mundo, movido pela Revolução Industrial, se libertou um pouco dos princípios divinos, o trabalhador empregado já não tinha dia de descanso; laboravam todos os dias. Entretanto, as conquistas justrabalhistas retomaram aos poucos o direito de descansar um dia por semana. Porém, só no Século XX surgiu o “repouso semanal remunerado”, assim como vieram à existência as férias.

Como se vê, devemos remotamente o nosso repouso aos caldeus e aos hebreus. Felizmente, os caldeus não descobriram Urano, Netuno e Plutão. Se os conhecessem, a lei mosaica ou lei de Yavé teria informado que Yavé criara o universo em nove dias, e nós teríamos uma “demana” (“decimanas” = dez manhãs), tendo que trabalhar oito ou nove dias consecutivos, como pretendeu, sem sucesso, Napoleão. O repouso semanal, de origem astrológica e sagrada, pertence hoje ao âmbito jurídico trabalhista.
 

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