Aquele povo tão fiel, que adota um
único deus como o verdadeiro, espera que esse deus lhe dê o domínio do mundo. Um
de seus profetas diz que um de seus reis irá estabelecer um reino eterno,
dominando sobre todas as nações.
O rei candidato a libertador morre na
batalha e esses religiosos fieis caem sob o domínio de um povo que adora outros
deuses. Mas eles acreditam que o seu deus é o verdadeiro e destronará
aquele opressor, estabelecendo o o reino prometido, que é novamente anunciado por
outro profeta.
Aquele império opressor cai, mas o
prometido reino não se consolida, porque tudo passa a ser dominado por outro
imperador, que por sua vez adora outros diferentes deuses. Mas esse povo
oprimido não perde a fé. Continua acreditando que ainda terá o domínio
sobre as nações.
Passa aquela servidão, e eles são
submetidos por outro, depois por mais outro, e outros profetas prosseguem
prometendo aquele reino.
Aquele cruel dominador passa, e
se reacende a esperança de dominar o mundo. Acreditam que nunca mais serão
molestados pelas gentes adoradoras de "deuses falsos".
Mas, para infelicidade desse povo tão
fiel, seus deus é tão verdadeiro quanto os deuses dos outros povos, e eles caem
sob o comando do mais duradouro império da história.
Vez ou outra, surge um herói que
acredita que irá conseguir dar cumprimento à promessa divina e estabelecer
aquele domínio sobre todas as nações. Todavia, cada um é executado a mando
do imperador da época. Cada líder executado morre acreditando que um dia
será ressuscitado pelo seu onipotente deus e virá com poder insuperável
estabelecer aquele reino.
A certa altura alguém diz que um
daqueles executados foi visto ressuscitado três dias depois da morte e prometeu
que breve retornaria, empunhando o cetro da justiça, para eliminar todo o mal
existente na Terra, inclusive a morte, dando a imortalidade a todos os seus
seguidores. E isso seria tão breve, que muitos dos que viviam em seus dias
ainda estariam vivos por ocasião do seu retorno glorioso.
Várias pessoas começam a anunciar essa
boa nova e nas novas gerações vai se cristalizando a esperança do fim do império
cruel e o estabelecimento de um mundo sem sofrimento e sem morte por um
homem-deus morto e ressuscitado.
Passam décadas e séculos, e cada vez
mais pessoas creem na tão agradável promessa, até que um dia a maioria da
população está crendo, e o império adota a nova fé como religião oficial.
A certa altura, o império é dissolvido
em vários reinos, mas a fé oficial se sobrepõe a tudo, e todos eles passam a
legislar de acordo com o que creem. Surge a nova opressão.
Se
alguém duvida das crenças dos reis submissos à religião, é duramente punido com
tortura ou até a morte. Cumprem-se literalmente as palavras "...o que não
crer será condenado".
Doravante, a "verdade" deve ser
imposta a todos os povos do mundo. Todos os outros deuses são falsos, e o
único deus verdadeiro deverá ser aceito obrigatoriamente por todos, sob pena de
pesada condenação. É então que mundo todo, com poucas exceções, adota o
deus-homem morto e ressuscitado.
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