FUNDOS DE PENSÃO, LAVANDERIA DO MENSALÃO -- 27/08/2005 -

"Investigações mostram que fundos de pensão perderam dinheiro em operações suspeitas com operadores do mensalão

Ricardo Grinbaum, Leandro Loyola e David Friedlander
 


 

Montagem: LSalomão e NCardoso

Mais de R$ 100 milhões da poupança para a aposentadoria de 75 mil funcionários públicos foram parar nas mãos dos operadores do mensalão. Um pedaço dessa bolada (as investigações ainda não revelaram quanto) foi desviado para o exterior, principalmente paraísos fiscais do Caribe. O esquema foi executado em 2003 e 2004 e envolve pelo menos cinco fundos de pensão de empresas estatais. Os fundos, que são os investidores mais ricos do país, teriam perdido dinheiro - fraudando os associados de propósito. Na outra ponta, a dos que embolsavam o produto da fraude, aparece um grupo de operadores de São Paulo. O espantoso é que quase todos eles ganharam notoriedade recentemente por ter lavado dinheiro da upla Delúbio Soares e Marcos Valério.

Depois que o publicitário Duda Mendonça confessou ter recebido R$ 10 milhões do PT, nas Ilhas Virgens, passou-se a suspeitar da existência de contas secretas fora do país  pertencentes ao Partido dos Trabalhadores. Estão sendo investigadas várias trilhas, como a presença de doleiros nos saques que Marcos Valério mandava fazer no Banco Rural e  acusações, ainda muito nebulosas, do doleiro paulista Antonio Oliveira Claramunt, que disse ter mandado dinheiro  para petistas no exterior. Pelo que ÉPOCA apurou, o pessoal  do mensalão já vinha depenando os fundos de pensão pelo menos desde o início do governo Lula.

Os cinco fundos de pensão que tomaram prejuízo são:  Refer (dos funcionários da antiga Rede Ferroviária), Portus  (Companhia Docas, Real Grandeza (Furnas), Centrus (Banco Central) e Nucleos (Eletronuclear). Segundo investigações  conduzidas pela Comissão de Valores Mobiliários ä (CVM) e pela Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), eles  participaram de uma cascata de operações financeiras
forjadas, todas guardando grande semelhança entre si no mercado futuro de índices. A lista dos envolvidos parece desfile da CPI dos Correios. Um dos nomes que mais aparecem é o de José Carlos Batista, de 49 anos, um operador de mercado  sem emprego fixo, alvo de inquéritos na CVM. Dissimulado, ele anda num Gol verde e mora em Santo André, num apartamento de classe média que fica em nome de um amigo para evitar o arresto de seus bens. Nesta semana, Batista tem depoimento marcado em duas CPIs, na dos Correios e na do Mensalão.

Batista é o misterioso sócio da Garanhuns, uma empresa de fachada cuja sede fica num terreno baldio da Grande São Paulo. Ela recebeu R$ 10 milhões das empresas de Marcos Valério no Banco Rural e repassou o dinheiro ao presidente do PL,  Valdemar Costa Neto. A Garanhuns foi criada em 1999 por Lúcio Bolonha Funaro, um especulador profissional muito conhecido em  São Paulo. Aos 32 anos, Funaro tem patrimônio declarado de R$ 12 milhões, circula em carros de luxo e aluga helicóptero  nos fins de semana para visitar fazendas de amigos. Uma de suas especialidades é ganhar dinheiro dos fundos de pensão.   (Época, 29/08/2005)

Deve estar aí o motivo pelo qual lutaram tanto pela reforma da Previdência.

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