A EVOLUÇÃO ESPIRITUAL DO HOMEM

- 11/11/2003 -

 


 

Pensar é um atributo animal. Raciocínio não é apanágio do homo sapiens. Ainda que de forma um tanto primitiva em relação a nós, os chamados irracionais raciocinam. Os quadrúpedes das selvas e dos campos não são desprovidos de compreensão e planejamento. São até muito hábeis. Apenas não têm uma comunicação aperfeiçoada como a nossa, o que lhes dificulta sobremodo transmitir conhecimento aos descendentes. Mas são capazes de compreender aprender, planejar e executar.

Imaginemos um leopardo quase se arrastando ao solo, ocultando-se em meio à relva, movimentando-se silenciosamente em direção a um grupo de gazelas. O que ele está fazendo?

O hábil predador compreende que sua ameaçadora presença põe em vertiginosa retirada sua almejada presa, que sabe muito bem o que representa perigo.

O poderoso felino é capaz de fazer um plano para neutralizar as boas chances que as gazelas têm de escapar, mesmo do mais preparado dos carnívoros.

Ele executa sabiamente seu projeto de caça através de silenciosa aproximação, o único meio disponível para conseguir saltar sobre o velocíssimo animal.

Quem pode negar que o leopardo tenha um bom raciocínio? Assim, todos os animais têm, uns mais outros menos, capacidade de pensar e planejar sua sobrevivência.

Com esse prelúdio, estou dando início a uma série, com o intuito de facilitar aos leitores o entendimento da evolução espiritual de um animal frágil que evoluiu até se sobrepor a todos os mais fortes e bem preparados pela natureza.
 

O QUE REPRESENTAM OS FENÔMENOS DA NATUREZA PARA OS ANIMAIS

 

Tal qual o homem, um irracional vê nos fenômenos da natureza a ação de algum poderoso ser desconhecido.

O TROVÃO representa para os animais o rugir de um ser ameaçador, que eles nunca vêem mais temem. Talvez até sintam que esse monstro esteja urinando sobre eles quando chove.

Por aí é fácil entender como esse aspecto ameaçador da natureza influenciou a nossa evolução espiritual muito antes mesmo que um primata começasse a andar sobre o dois pés. Assim, foi-se formando o conceito de divindades, seres superpoderosos capazes de fazer de nós o que quiserem, sem que possamos sequer contemplar suas respeitáveis faces.
 

O ALCANCE ESPIRITUAL DO PROCÔNUSUL

 

O procônsul era um animalzinho que vivia nas árvores de uma densa floresta africana há seis ou sete milhões de anos. Seu ambiente era até bastante seguro contra os grandes predadores, sendo ele apenas assustado por um animal imaginário. Mas um dia as coisas mudaram, e ele precisou se adaptar para sobreviver.

O procônsul era pequeno e incapaz de enfrentar os predadores; mas vivia nas árvores onde os carnívoros não subiam. Todavia, se via ameaçado por um animal extremamente assustador e invisível. Um trovão representava para ele o rugir desse terrível ser, contra o qual parecia não estar seguro nem nos galhos das grandes árvores. Os ventos representavam o seu sopro poderoso. Provavelmente, em sonho o procônsul via esse enorme animal a rugir fortemente (som do trovão) com sua boca descomunal a soprar sobre as florestas. Essa era a maior das ameaças que ele via pela frente.

Em determinada época, o movimento tectônico criou uma grande elevação no centro do continente e a família procônsul ficou dividida nos dois lados da montanha.

Enquanto no lado ocidental a grande floresta foi preservada, no lado oriental, devido à falta de umidade decorrente do obstáculo montanhoso, as florestas foram desaparecendo, e o procônsul desse lado perdeu aquele ambiente protetor, o que lhe exigiu algumas boas adaptações para sobreviver entre os fortes predadores.

Pressionado pelas circunstâncias novas, o procônsul oriental começou a utilizar os membros dianteiros para manejar alguns objetos, como paus e pedras, contra seus predadores, o que o levou a aprender a caminhar sobre os dois pés.

Mas o mostro que ruge e sopra continuou a assombrar esse primata, e o sol e outros astros também lhe pareciam seres sobrenaturais temíveis.

Afirma-se que, do procônsul do lado ocidental, da grande floresta, evoluiu o gorila e o chimpanzé, nossos parentes mais próximos do reino animal, uma vez que o ambiente favorável não lhe exigiu muito; e o animal do lado oriental tornou-se a espécie homo, por força das novas e mais desafiadoras condições de vida. Mas o grande animal invisível permanecia assustando-o e cada vez mais fixo na sua cabeça.
 

A FALA QUE EXPLICA TAMBÉM COMPLICA

 

Caminhar sobre dois pés já foi suficiente para separar o gênero “homo” dos outros animais. Porém o que mais o distanciou e possibilitou todos os avanços que temos hoje foi a fala, essa linguagem complexa e completa que só nós temos. Todavia, com ela, o humano se aprofundou mais também no sentido de enganar a si próprio.

Quando aquele primata aprendeu a andar sobre dois pés, teve uma grande vantagem: poder utilizar os membros dianteiros para arremessar objetos, atingindo seus adversários a distância.

Além do arremesso, foi possível criar gestos, formas de transmitir mensagens aos companheiros.

E, no decorrer de muitos e muitos milhares de anos, a espécie aprendeu a passar informações também através da imitação dos sons, criando aos poucos o que chamamos de ONOMATOPÉIA. Até hoje, quando se diz “um bum”, entende-se falar de uma explosão; e assim foi no começo. Hoje, já perdemos as raízes onomatopéicas da grande maioria das palavras, porque as linguagem se transformou demais de lá até aqui.

Mas a linguagem aperfeiçoada não espantou os fantasmas dos fenômenos da natureza. Ao contrário, em lugar de desmistificar aquela idéia de um ser ameaçador invisível visto no vento, no trovão, no raio, etc., o homem quis explicar o inexplicável, e complicou ainda mais o desconhecimento: criou deuses.
 

A CRIAÇÃO DOS DEUSES E DA ALMA IMATERIAL

 

Quando o homem aprendeu a trocar idéias, em vez de as coisas se esclarecerem, seus enganos se disseminaram com maior facilidade, e aí foi que criaram deuses, demônios, duendes, almas, etc.

Podendo, doravante, transmitir conhecimento mediante a palavra, foi fácil também perpetuar os equívocos do passado. Na troca de informações, a desinformação aumentou sobremodo. Quando descobria que havia algo de errado com uma idéia, o homem criava outra para corrigir o engano, e isso dava em outro engano algumas vezes ainda maior. Assim é que, não obstante o desenvolvimento da ciência, as idéias primitivas ainda dominam as mentes de uma grande maioria da população humana.

Tentando dar um sentido mais real àqueles mistérios que sempre o assombraram, o homem transformou aquele suposto animal aterrorizador invisível em deuses, demônios, duendes, anjos, etc. Junto com o acúmulo de conhecimento, avultou-se também a transmissão do desconhecimento com as explicações equivocadas de que os fenômenos da natureza eram seres sobrenaturais. Assim, as divindades, produto das fantasias primitivas, permaneceram vivas e arraigadas nas cabeças humanas. As explicações criadas complicaram mais do que explicaram.

Enquanto os chamados irracionais não podem contar o que imaginam ter visto, o homem o faz com detalhes circunstanciais de tempo, modo, lugar, etc., trazendo muito mais confusão no cruzamento dos dados imaginários.

Um cachorro, quando sonha, não sabe falar para o outro que esteve com aquela cobiçada cadela das proximidades. Ele simplesmente pensa que realmente esteve com ela, não descobrindo que foi apenas um sonho, caso apenas imaginário.

Mas com o homem é diferente:

Quando um homem da caverna disse para o outro:

“Eu peguei uma mulher muito boa ali na floresta, mas ela desapareceu misteriosamente, sem que eu saiba como ela pôde fugir nem para onde ela foi”

e o outro lhe respondeu:

“Isso não é verdade, porque você esteve o tempo todo dormindo aqui”,

Aí a confusão cresceu:

Como todos pensavam ter feito algo que não fizeram, chegaram a uma brilhante conclusão, imaginaram:

um ser humano não deve ser só um, mas um material e um imaterial, invisível, que se separa do corpo material enquanto esse dorme e faz uma porção de coisas que os que estão acordados não vêem. Aí estava pronta a mais nova criação humana: a alma, que até hoje tantos religiosos pregam.

Vejam agora o quanto aumentaram o engano ao criar a alma.
 

 

EXPERIÊNCIAS FORA DO CORPO, UM EQUÍVOCO PRIMITIVO

 

Os equívocos do pensamento primitivo ainda são muito influentes, a ponto de ser considerados intrigantes em revista divulgadora de matérias científicas. Mas não passam por uma boa análise lógica.

Para esotéricos, quando dormimos, viajamos para outras dimensões. Além do corpo físico, nós teríamos também corpos sutis. A experiência extracorporal seria literalmente um passeio que um desses corpos sutis, o astral, dá sozinho enquanto o físico fica dormindo.

Embora essa hipótese não seja provável para a ciência como nós a conhecemos hoje, os médicos reconhecem que o fenômeno é um mistério. A alta incidência de narrativas em várias culturas indica que, embora alguns possam simplesmente estar inventando uma história, muitos realmente vivem essa sensação de separação do corpo. O porquê disso, ninguém sabe” (Os grandes Mistérios da Ciência, setembro/2003, pág. 47).

Não obstante a revista afirmando que “o porquê disso, ninguém sabe”, parece-me que isso já foi suficientemente explicado, e muita gente já entende.

O sonho não é privilégio do homem. Se observarmos bastantes os animais dormindo, podemos perceber, por exemplo, um cachorro sonhando, quando, dormindo, o animal expressa seus sentimentos por pequenos ganidos e uma clara tentativa de movimento, o que indica nitidamente estar ele sentindo uma experiência qualquer. Ele só não é capaz de nos contar que estava perseguindo uma caça ou se opondo a outro cão ou até tentando uma experiência amorosa com uma cadela imaginária.

A “alta incidência de narrativas em várias culturas” não é nenhuma prova de que haja tal experiência fora do corpo; mas sim que todos sonham e, como o homem primitivo pensava ter estado em outros lugares quando sonhava, esse pensamento equivocado passou de geração a geração para todos os povos.

É extremante simples explicar a imbecilidade da idéia de no sonho estarmos realmente tendo uma experiência fática. Se houvesse esse corpo sutil, ou espírito, ou alma, conforme uns e outros pensam, e esse corpo sutil viajasse realmente, cada pessoa que fizesse parte do meu sonho sonharia inevitavelmente comigo no mesmo momento, experimentando as mesmas circunstâncias daquele sonho. E, como isso não acontece, está bem claro que a experiência onírica não extrapola a atividade neuronial da pessoa que sonha. Se eu sonho que estou tendo um contato físico com uma pessoa, isso é puramente uma imaginação, que não é tão nítida durante o sono como quando estamos acordado, dando-nos a impressão de realmente termos feito tal contato. Mas, na realidade, não tenho dúvida, eu simplesmente penso dormindo, como penso acordado em um semelhante contato, com a diferença de que, acordado, eu não penso que aquilo é realidade, mas dormindo eu imagino que seja um fato.

Alguns insistem, com base nas narrativas de pessoas que, em estado de quase morte, sentiram estar de longe vendo o próprio corpo. Isso também já foi demonstrado por experiência científica, com análise até na área cerebral que produz tal impressão:

"Charles McCreery, do Instituto de Pesquisas Psicofísicas em Oxford, conseguiu provocar, em laboratório, experiências fora do corpo. Com técnicas de relaxamento, ele obteve resultados impressionantes. Uma moça, perfeitamente saudável, contou ter viajado num túnel, com uma luz brilhante no fim; e um senhor disse ter flutuado a vinte mil metros de altitude, vendo Oxford lá de cima. "É mais comum do que se imagina", afirma o Dr. MacCreery, "uma em cada cinco pessoas já teve uma experiência fora do corpo". Ele chegou à conclusão de que há um tipo de personalidade predisposto ao fenômeno: Uma espécie de esquisofrenia branda.” (Globo Repórter, 13 de agosto de 1993).

“Em outro estudo, de setembro do ano passado, neurologistas de um hospital universitário da Suíça descobriram a região do cérebro responsável pela sensação de sair do próprio corpo, relatada por pacientes em situações próximas à morte. A experiência foi reproduzida com o estímulo de uma área do córtex direito do cérebro, chamada giro angular, e relatada na revista britânica Nature.

Estimulando o cérebro de uma paciente em tratamento para epilepsia, os cientistas fizeram-na atingir a sensação sobrenatural. No início do experimento, a mulher sentiu que estava caindo e ficando mais leve. Conforme os cientistas foram aumentando a intensidade do estímulo, ela disse que flutuava e que poderia ver seu próprio corpo deitado na cama.

O giro angular direito é uma região que integra o sentido da visão e o sistema que cria a representação do corpo na mente. Isso é baseado no equilíbrio do corpo e na resposta dos membros sobre sua posição no espaço. Quando esses dois sistemas se dissociam, pode ocorrer uma ilusão, dando ao paciente uma experiência fora do corpo. Uma pequena parcela das pessoas que passam por situações que as deixam entre a vida e a morte podem experimentar algo parecido como sair do próprio corpo. Uma das razões para isso é a falta de oxigênio ou mau funcionamento de algumas regiões do cérebro, segundo os autores do estudo.

A mente tem poderes! Há quem ultrapasse os próprios limites, a depender da motivação. Há quem adoeça ou quem sare. Há, ainda, muito de desconhecido e de desafios para o conhecimento. Só não há nada de sobrenatural” (Carlos Luiz de Jesus Pompe , “O poder da mente -- 08/09/2003 - 09:37).

Tomando em consideração a falta de simultaneidade dos sonhos e as experiências de Charles McCreery e dos “neurologistas de um hospital universitário da Suíça”, não me resta qualquer dúvida de que as chamadas experiências fora do corpo são idéias equivocadas.
 

COMO SURGIRAM OS GRANDES MILAGRES DE YAVÉ

 

Yavé, o Deus todo-poderoso, único e verdadeiro deus, criou o homem; tempos depois, devido à perversão humana, destruiu a humanidade, deixando uma única família para repovoar a terra e, novamente, escolheu uma família para formar seu povo santo, que destruía os inimigos da verdade. Até recentemente, não sabíamos que isso fosse O GRANDE CONTO DE JOSIAS. Tudo não passou de invento desse perspicaz dominador para manter o povo ao seu lado.

“Das três ciências que estudam a Bíblia, a arqueologia tem se mostrado a mais promissora. “Ela é a única que fornece dados novos”, diz o arqueólogo israelense Israel Finkelstein, diretor do Instituto de Arqueologia da Universidade de Tel Aviv e autor do livro The Bible Unearthed (A Bíblia desenterrada, inédito no Brasil), publicado no ano passado. A obra causou um choque em estudiosos de arqueologia bíblica, porque reduz os relatos do Antigo Testamento a uma coleção de lendas inventadas a partir do século VII a.C. O Gênesis, por exemplo, é visto como uma epopéia literária. O mesmo vale para as conquistas de David e as descrições do império de Salomão” (Superinteressante, julho/2002).

”Não há registro arqueológico ou histórico da existência de Moisés ou dos fatos descritos no Êxodo. A libertação dos hebreus, escravizados por um faraó egípcio, foi incluída na Torá provavelmente no século VII a.C., por obra dos escribas do Templo de Jerusalém, em uma reforma social e religiosa. Para combater o politeísmo e o culto de imagens, que cresciam entre os judeus, os rabinos inventaram um novo código de leis e histórias de patriarcas heróicos que recebiam ensinamentos diretamente de Jeová. Tais intenções acabaram batizadas de “ideologia deuteronômica”, porque estão mais evidentes no livro Deuteronômio. A prova de que esses textos são lendas estaria nas inúmeras incongruências culturais e geográficas entre o texto e a realidade. Muitos reinos e locais citados na jornada de Moisés pelo deserto não existiam no século XIII a.C., quando o Êxodo teria ocorrido. Esses locais só viriam a existir 500 anos depois, justamente no período dos escribas deuteronômicos. Também não havia um local chamado Monte Sinai, onde Moisés teria recebido os Dez Mandamentos. Sua localização atual, no Egito, foi escolhida entre os séculos IV e VI d.C., por monges cristãos bizantinos, porque ele oferecia uma bela vista. Já as Dez Pragas seriam o eco de um desastre ecológico ocorrido no Vale do Nilo quando tribos nômades de semitas estiveram por lá.

Vejamos agora o caso de Abraão, o patriarca dos judeus. Segundo a Bíblia, ele era um comerciante nômade que, por volta de 1850 a.C., emigrou de Ur, na Mesopotâmia, para Canaã (na Palestina). Na viagem, ele e seus filhos comerciavam em caravanas de camelos. Mas não há registros de migrações de Ur em direção a Canaã que justifiquem o relato bíblico e, naquela época, os camelos ainda não haviam sido domesticados. Aqui também há erros geográficos: lugares citados na viagem de Abraão, como Hebron e Bersheba, nem existiam então. Hoje, a análise filológica dos textos indica que Abraão foi introduzido na Torá entre os séculos VIII e VII a.C. (mais de 1 000 anos após a suposta viagem).

Então, como surgiu o povo hebreu? Na verdade, hebreus e canaanitas são o mesmo povo. Por volta de 2000 a.C., os canaanitas viviam em povoados nas terras férteis dos vales, enquanto os hebreus eram nômades das montanhas. Foi o declínio das cidades canaanitas, acossadas por invasores no final da Idade do Bronze (300 a.C. a 1000 a.C.), que permitiu aos hebreus ocupar os vales. Segundo a Bíblia, os hebreus conquistaram Canaã com a ajuda dos céus: na entrada de Jericó, o exército hebreu toca suas trombetas e as muralhas da cidade desabam, por milagre. Mas a ciência diz que Jericó nem tinha muralhas nessa época. A chegada dos hebreus teria sido um longo e pacífico processo de infiltração.

David e Salomão: Há pouca dúvida de que David e Salomão existiram. Mas há muita controvérsia sobre seu verdadeiro papel na história do povo hebreu. A Bíblia diz que a primeira unificação das tribos hebraicas aconteceu no reinado de Saul. Seu sucessor, David, organizou o Estado hebraico, eliminando adversários e preparando o terreno para que seu filho, Salomão, pudesse reinar sobre um vasto império. O período salomônico (970 a.C. a 930 a.C.) teria sido marcado pela construção do Templo de Jerusalém e a entronização da Arca da Aliança em seu altar.

Não há registros históricos ou arqueológicos da existência de Saul, mas a arqueologia mostra que boa parte dos hebreus ainda vivia em aldeias nas montanhas no período em que ele teria vivido (por volta de 1000 a.C.) – assim, Saul seria apenas um entre os muitos líderes tribais hebreus. Quanto a David, há pelos menos um achado arqueológico importante: em 1993 foi encontrada uma pedra de basalto datada do século IX a.C. com escritos que mencionam um rei David.

Por outro lado, não há qualquer evidência das conquistas de David narradas na Bíblia, como sua vitória sobre o gigante Golias. Ao contrário, as cidades canaanitas mencionadas como destruídas por seus exércitos teriam continuado sua vida normalmente. Na verdade, David não teria sido o grande líder que a Bíblia afirma. Seu papel teria sido muito menor. Ele pode ter sido o líder de um grupo de rebeldes que vivia nas montanhas, chamados apiru (palavra de onde deriva a palavra hebreu) – uma espécie de guerrilheiro que ameaçava as cidades do sul da Palestina. Quanto ao império salomônico cantado em verso e prosa na Torá hebraica, a verdade é que não foram achadas ruínas de arquitetura monumental em Jerusalém ou qualquer das outras cidades citadas na Bíblia.

Esses contos de homens transformando bastões em cobras, abrindo o mar para passagem de uma multidão, fazendo sair água de pedra, outros controlando até o movimento da Terra, até havendo quem ressuscitasse algum morto, não passa de fábula. Aí está explicado por que os patriarcas falavam diretamente com o deus Iavé, e depois disso ninguém mais via nem ouvia esse deus, a não ser em sonhos. Se os relatos mosaicos mencionam coisas irreais, como constatado pelos arqueólogos, é porque realmente tudo isso foi elabora pelos escribas de Josias.
 

AS BASES PARA O CRISTIANISMO DOMINAR O MUNDO

 

Conforme visto no capítulo “COMO SURGIRAM OS GRANDES MILAGRES DE YAVÉ”, todos esses prodígios não passam de criação de Josias e seus escribas. Mas a influência desse maravilhoso conto foi decisiva para manter o povo unido e com uma fé inabalável. Ademais, tudo isso é a raiz central do poder do cristianismo, com o predomínio da fé em Yavé como o único deus verdadeiro.

Como o povo tinha uma história de grandes milagres e grandes homens que falavam diretamente com um grande deus, ou melhor, o único deus verdadeiro, deus que teria prometido que aquele povo seria uma nação numerosa com as estrelas e seria “posto por cabeça e não por cauda”, sua fé fortaleceu de tal modo, que ainda que vivesse sempre sob domínio de povos que acreditavam em outros deuses, nunca morreu a esperança de um dia o povo eleito de Yavé vir a instituir um reino perpétuo sobre todo o mundo.

Antes mesmo dos dias em que Josias aplicou o golpe do encontro do livro da lei de Yavé dada a Moisés, profetas tinham visões de um “messias” (ungido) que deveria derrotar todos aqueles idólatras e estabelecer um reino eterno, abrangendo os quatro cantos da Terra (acreditavam que a terra fosse plana e quadrada).

Passado o domínio assírio, embora a previsão fosse de que o messias deveria derrotar o rei da Assíria, veio o período babilônico.

Nabucodonozor arrazou aquela nação dita eleita do deus, destruindo sua cidade santa, mas não destruiu a sua fé. A esperança na vinda do messias permaneceu. Acreditavam que ele viria destronar Nabucodonozor.

A grande Babilônia caiu nas mãos dos medo-persas. Esses foram até benévolos com o povo de Yavé, mas não poderia o conquistador persar ser o messias. O messias seria um rei nascido em Belém, um descendente de Davi.

O Império Medo-Persa durou pouco também. Veio Alexandre, o Grande, e a famosa Grécia tornou-se a dona do mundo de então.

Mais uma vez, aquele povo especou sua fé na promessa do “messias” belemita, que deveria acabar com o poder grego.

A Grécia também não suportou as pressões externas, e a férrea Roma chegou poderosa, como um bicho de sete cabeças, consoante escreveram alguns cristãos.

Nos dias de Roma, de quando em quando surgia um dizendo ser o prometido “messias”, e seu fim era a morte. Até parecia que Roma era imbatível. Mas para os hebreus, não; o messias deveria vir e eliminar aquele império abominável.

Entre os vários que surgiram dizendo-se o prometido messias, destacou-se Jesus de Nazaré. Ele foi morto, como outros, mas uma nova doutrina surgiu, textos do chamado Velho Testamento foram adaptados a ele, e um novo fundamento surgiu para a espera do reino eterno. Jesus teria morrido para pagar os pecados da humanidade, mas teria sido ressuscitado dentre os mortos, e retornaria algum tempo depois para estabelecer aquele reino predito havia quase um milênio.
 

O PREDITO MESSIAS E O CRISTIANISMO

 

O Cristianismo se baseou em adaptação de textos do velho testamento ao Jesus de Nazaré, e os apóstolos foram tão convincentes, que em alguns séculos até o imperador romano foi persuadido pela doutrina.

No profeta Miquéias, estava predito o ungido, messias em hebraico, cristo em grego, não para ser morto, mas para reinar com grande poder:

“Mas tu, Belém Efrata, posto que pequena para estar entre os milhares de Judá, de ti é que me sairá aquele que há de reinar em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade. Portanto os entregará até o tempo em que a que está de parto tiver dado à luz; então o resto de seus irmãos voltará aos filhos de Israel. E ele permanecerá, e apascentará o povo na força do Senhor, na excelência do nome do Senhor seu Deus; e eles permanecerão, porque agora ele será grande até os fins da terra. E este será a nossa paz. Quando a Assíria entrar em nossa terra, e quando pisar em nossos palácios, então suscitaremos contra ela sete pastores e oito príncipes dentre os homens. Esses consumirão a terra da Assíria à espada, e a terra de Ninrode nas suas entradas. Assim ele nos livrará da Assíria, quando entrar em nossa terra, e quando calcar os nossos termos. E o resto de Jacó estará no meio de muitos povos, como orvalho da parte do Senhor, como chuvisco sobre a erva, que não espera pelo homem, nem aguarda filhos de homens. Também o resto de Jacó estará entre as nações, no meio de muitos povos, como um leão entre os animais do bosque, como um leão novo entre os rebanhos de ovelhas, o qual, quando passar, as pisará e despedaçará, sem que haja quem as livre. A tua mão será exaltada sobre os teus adversários e serão exterminados todos os seus inimigos. Naquele dia, diz o Senhor, exterminarei do meio de ti os teus cavalos, e destruirei os teus carros; destruirei as cidade da tua terra, e derribarei todas as tuas fortalezas. Tirarei as feitiçarias da tua mão, e não terás adivinhadores; arrancarei do meio de ti as tuas imagens esculpidas e as tuas colunas; e não adorarás mais a obra das tuas mãos. Do meio de ti arrancarei os teus aserins, e destruirei as tuas cidades. E com ira e com furor exercerei vingança sobre as nações que não obedeceram.” (Miquéias, 5: 2-15).

E Zacarias afirmou: “E o Senhor será rei sobre toda a terra; naquele dia um será o Senhor, e um será o seu nome.” (Zacarias, 14: 9).

Todavia, o profeta Daniel, cujo livro já foi dito ter sido escrito em época posterior ao início do Cristianismo, e não durante o reinado babilônico, prevê o ungido sendo morto por um assolador, que se encaixa muito bem ao império romano: “Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém até o ungido, o príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; com praças e tranqueiras se reedificará, mas em tempos angustiosos. E depois de sessenta e duas semanas será cortado o ungido, e nada lhe subsistirá; e o povo do príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até o fim haverá guerra; estão determinadas assolações. E ele fará um pacto firme com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador; e até a destruição determinada, a qual será derramada sobre o assolador.” (Daniel, 9: 25-27). As profecias de Daniel têm uma coincidência muito grande com os fatos até próximo do fim do primeiro século da Era Cristã, só perdendo o rumo da história posteriormente.

O texto de Daniel, entretanto, ao combinar com a história dos evangelhos, se contradiz totalmente com as outras predições, especialmente a de Miquéias, que mostra o messias surgindo nos dias da Assíria, derrotando-a e livrando do seu jugo o restante do povo de Israel, que estava separado de Judá. Sabemos que nada disso se cumpriu. O livro de Daniel, a julgar pela sua linguagem, parece ter sido escrito nos dias cristãos, razão por que é totalmente diferente dos outros livros do Velho Testamento, falando de “messias” morto e o estabelecimento do reino eterno após uma “grande tribulação”, que os evangelhos de Mateus e Lucas apontam como a dispersão dos judeus iniciada com o cerco e a destruição de Jerusalém, ocorrida no ano 70. E os evangelhos, diferentemente do que está escrito por Miquéias, usaram vários outros textos referente a temas diversos como aplicados a Jesus.

Jesus não foi o único que apareceu dizendo ser o messias.. O livro Atos dos apóstolos afirma que, quando as autoridades pretendiam matar alguns apóstolos cristão, “...levantando-se no sinédrio certo fariseu chamado Gamaliel, doutor da lei, acatado por todo o povo, mandou que por um pouco saíssem aqueles homens; e prosseguiu: Varões israelitas, acautelai-vos a respeito do que estais para fazer a estes homens. Porque, há algum tempo, levantou-se Teudas, dizendo ser alguém; ao qual se ajuntaram uns quatrocentos homens; mas ele foi morto, e todos quantos lhe obedeciam foram dispersos e reduzidos a nada. Depois dele levantou-se Judas, o galileu, nos dias do recenseamento, e levou muitos após si; mas também este pereceu, e todos quantos lhe obedeciam foram dispersos. Agora vos digo: Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque este conselho ou esta obra, caso seja dos homens, se desfará; mas, se é de Deus, não podereis derrotá-los; para que não sejais, porventura, achados até combatendo contra Deus.” (Atos, 5:34-39).

O grande sucesso do Cristianismo se deveu à adaptação pelos evangelistas de vários textos do velho testamento como previsão sobre Jesus:

Mateus disse que o Nascimento de Cristo de Maria era o cumprimento do que fora predito:
“Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, o qual será chamado EMANUEL, que traduzido é: Deus conosco” (Mateus, 1:23).

Mas o profeta falava da ingratidão do povo de Israel e do filho que nasceria da profetisa sua esposa:

“Portanto o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel. Manteiga e mel comerá, quando ele souber rejeitar o mal e escolher o bem. Pois antes que o menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem, será desolada a terra dos dois reis perante os quais tu tremes de medo. Mas o Senhor fará vir sobre ti, e sobre o teu povo e sobre a casa de teu pai, dias tais, quais nunca vieram, desde o dia em que Efraim se separou de Judá, isto é, fará vir o rei da Assíria.” (Isaías, 7: 14-17).

Prossegue um pouco adiante:

“E fui ter com a profetisa; e ela concebeu, e deu à luz um filho; e o Senhor me disse: Põe-lhe o nome de Maer-Salal-Has-Baz. Pois antes que o menino saiba dizer meu pai ou minha mãe, se levarão as riquezas de Damasco, e os despojos de Samária, diante do rei da Assíria.” (Isaías. 8: 3). Aí ficou mais claro de quem o profeta falava.

O mesmo Mateus escreveu ainda outra, referindo-se a Jesus:

“... e lá ficou até a morte de Herodes, para que se cumprisse o que fora dito da parte do Senhor pelo profeta: Do Egito chamei o meu Filho” (Mateus, 2: 15).

Mas, ao ler Oseias, 11:1, 2, temos: “Quando Israel era menino, eu o amei, e do Egito chamei a meu filho. Quanto mais eu os chamava, tanto mais se afastavam de mim; sacrificavam aos baalins, e queimavam incenso às imagens esculpidas.”

Oséias estava falando da nação Israel, referindo-se à sua estada no Egito, nada de predição sobre Cristo.

Pedro também argumentou que Davi tivesse predito a ressurreição de Cristo:

“pois não deixarás a minha alma no inferno, nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção” (Atos, 2: 27).

O que está escrito no Salmo 16 é um hino em que Davi expressava a sua confiança no seu deus, que não o desampararia, dizendo no versículo 10: “Pois não deixarás a minha alma no Seol, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção.”

E, assim, os cristãos conseguiram progresso no Império Romano, até conquistar o imperador, preparando o caminho para o Cristianismo sangüinário que vigorou na Roma papal. E a Reforma Protestante diversificou o Cristianismo, que deixou de cometer as suas atrocidades após perder o poder político.
 

O SUCESSO DE JESUS CRISTO

 

Jesus de Nazaré, segundo os próprios seguidores, não foi o único que surgiu dizendo-se o Messias prometido pelos profetas. Houve vários outros, dos quais dois estão mencionados no livro de Atos dos Apóstolos. Mas só Jesus conseguiu convencer o povo mesmo depois de morto. A que se deve esse sucesso? Todos os religiosos afirmam ser por ser ele o verdadeiro messias. Mas há outras razões que eles desconhecem.

“Mas, levantando-se no sinédrio certo fariseu chamado Gamaliel, doutor da lei, acatado por todo o povo, mandou que por um pouco saíssem aqueles homens; e prosseguiu: Varões israelitas, acautelai-vos a respeito do que estais para fazer a estes homens. Porque, há algum tempo, levantou-se Teudas, dizendo ser alguém; ao qual se ajuntaram uns quatrocentos homens; mas ele foi morto, e todos quantos lhe obedeciam foram dispersos e reduzidos a nada. Depois dele levantou-se Judas, o galileu, nos dias do recenseamento, e levou muitos após si; mas também este pereceu, e todos quantos lhe obedeciam foram dispersos. Agora vos digo: Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque este conselho ou esta obra, caso seja dos homens, se desfará; mas, se é de Deus, não podereis derrotá-los; para que não sejais, porventura, achados até combatendo contra Deus. (Atos, 5: 34-39).

Sabemos que o messias prometido não deveria ser o Jesus de Nazaré (Vejam O PREDITO MESSIAS E O CRISTIANISMO). Mas sua doutrina foi por demais atraente e agradou mais ao povo do que as promessas de Jeová.

Jeová prometia prosperidade, longevidade e vitória sobre os inimigos:

“Honra a teu pai e a tua mãe, para que prolongues teus dias na terra que te dá o Senhor Teu Deus”.

“E o Senhor te porá por cabeça, e não por cauda; e só estarás por cima, e não por baixo; se obedeceres aos mandamentos do Senhor teu Deus, que eu hoje te ordeno, para os guardar e cumprir,” (Deuteronômio, 28: 13).

“Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Todo-Poderoso descansará. Direi do Senhor: Ele é o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio. Porque ele te livra do laço do passarinho, e da peste perniciosa. Ele te cobre com as suas penas, e debaixo das suas asas encontras refúgio; a sua verdade é escudo e broquel. Não temerás os terrores da noite, nem a seta que voe de dia, nem peste que anda na escuridão, nem mortandade que assole ao meio-dia. Mil poderão cair ao teu lado, e dez mil à tua direita; mas tu não serás atingido. Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios. Porquanto fizeste do Senhor o teu refúgio, e do Altíssimo a tua habitação, nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda. Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos...” (Salmos, 91).

Jesus não prometia nenhuma recompensa aqui; dizia que seus seguidores iriam padecer neste mundo, mas teriam uma eterna recompensa no reino dos céus: “E todo o que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna”. (Cf. Mateus 19:29).

Como as promessas de Jeová já não eram atraentes, uma vez que aquele povo tão valente estava sendo humilhado pelo domínio romano, a oferta de Jesus teve boa aceitação.

Morto Jesus, seus apóstolos fizeram uma grande
adaptação dos textos aos fatos relacionados à sua vida e morte, conseguindo conquistar muitos adeptos. E, à medida que a doutrina atingia gerações mais distantes dos seus dias, tudo parecia mais verdadeiro, até que convenceram os imperadores romanos, abrindo caminho para o Cristianismo dominar o mundo.

 

POR QUE AINDA ESPERAM O FIM DO MUNDO E A VOLTA DE CRISTO?

 

O fim do mundo é a coisa mais anunciada desde dois mil anos atrás. Mas, pela leitura da própria Bíblia, vê-se que aquele fim anunciado, se tivesse que ocorrer, teria ocorrido há séculos. Veja alguns textos abaixo:

“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, para expiar a iniqüidade, para trazer a justiça eterna, para selar a visão e a profecia, e para ungir o Santo dos Santos. Sabe, e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas: as praças e as circunvalações se reedificarão, mas em tempos angustiosos. Depois das sessenta e duas semanas será morto o Ungido, e já não estará; e o povo de um príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será num dilúvio, até ao fim haverá guerra; desolações são determinadas. Ele fará aliança com muitos por uma semana; na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares; sobre a asa das abominações virá o assolador, até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele.” (Daniel, 9: 24-27).
“... o homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio, quando levantou a mão direita e a esquerda ao céu, e jurou por aquele que vive eternamente, que isso seria depois de um tempo, dois tempos e metade de um tempo. E quando se acabar a destruição do poder do povo santo estas coisas todas se cumprirão” (Daniel, 12: 7).
“... haverá um tempo de angústia qual nunca houve desde que houve nação até aquele tempo” (Daniel 12: 1).
“Depois do tempo em que o costumado sacrifício for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e noventa dias. Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezentos e trinta e cinco dias” (Daniel, 12: 11, 12).

Quando, pois, virdes o abominável da desolação de que falou o profeta Daniel no lugar santo (que lê entenda)" (Mateus, 24: 15). "Quando, pois virdes Jerusalém sitiada de exércitos, sabei que está próxima a sua devastação" (Lucas, 21: 20).
"Porque nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido, e nem haverá jamais" (Mateus, 24: 21 [Referência a Daniel, 12:01]).
"E, até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles" (Lucas, 21: 20). "Estes por quarenta e dois meses calcarão aos pés a cidade santa." (Apocalipse, 11: 2).
"Logo em seguida à tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento e os poderes dos céus serão abalados. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do homem vindo sobre as nuvens do céu com poder e muita glória. E ele enviará seus anjos com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus." (Mateus, 24: 29 a 31).

Os evangelhos de Mateus e Lucas foram escritos após a destruição de Jerusalém. Eles já estavam vivendo o período chamado de “tempos dos gentios” e “tempo de angústia”, que deveria durar os “mil duzentos e sessenta dias”. E, “logo após a tribulação daqueles dias”, deveriam ocorrer aqueles absurdos fenômenos cósmicos, como a queda das estrelas, e o seu Cristo estaria retornando para buscar seus seguidores.

O tempo: dizem que cada dia corresponde a um ano. Se fossem dias literais, seria ainda pior para os intérpretes. O mundo teria acabado no início do Cristianismo.
Setenta semanas a partir da “ordem para restaurar e reedificar Jerusalém” (afirma-se que essa ordem ocorreu no ano 473 antes de Cristo), chegaria até os dias da morte de Cristo. Está escrito que “na metade da semana” (a última) “fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares”, que seria o mesmo que ser “morto o ungido” (Cristo oferecido pelos pecados do mundo). Também diz o texto bíblico que “Depois do tempo em que o costumado sacrifício for tirado, e posta a abominação desoladora, haverá ainda mil duzentos e noventa dias”. E, em vários lugares se fala de “mil duzentos e sessenta dias”; “um tempo, dois tempos e metade de um tempo”; “quarenta e dois meses”; etc.

Considerando que a tirada do costumado sacrifício seria o sacrifício de Jesus, começando daí os “mil duzentos e noventa dias”; ou começando os “mil duzentos e sessenta dias a partir do cerco de Jerusalém” (dizem que começou no ano 64, aproximadamente trinta anos da morte de Cristo), período da “grande tribulação” ou “tempo de angústia”, em que o assolador destruiria a “cidade santa”, teríamos o final do chamado “tempo dos gentios” no século XIV. “Logo após a tribulação daqueles dias”, teríamos o escurecimento do sol e da lua e a queda das estrelas, vindo a seguir a volta do “filho do homem” (Cristo).
Se uma estrela tem que ter no mínimo vinte e seis mil vezes o tamanho da Terra, é impossível as estrelas caírem “pela terra como a figueira quando, abalada por vento forte, lança seus figos verdes” (Apoc. 6:13).
Não é sem razão que já se disse que o livro de Daniel teve pelo menos uma parte escrita nos dias Cristãos. A cronologia do livro é muito harmoniosa com os fatos até o primeiro século da Era Cristã. Depois, nem precisamos dizer mais nada.

Até os evangelistas, que apresentaram palavras ditas ser do próprio Jesus, cria-se que o Império Romano, após o período de massacre dos judeus, seria substituído pelo reino do Cristo. O autor do Apocalipse adicionou mais um dono do mundo, representado pela besta semelhante a touro com chifres de cordeiro. Essa não existe no livro de Daniel, nem foi cogitada nos evangelhos. Os tempos passaram. Os judeus ficaram dispersos pelo mundo por muitíssimo mais tempo do que previsto, ainda que considerando cada dia um ano (1260 a partir de 64 chegaria a 1324). O Sol e a Lua continuam a brilhar por todos esses séculos. A queda das estrelas já se sabe que é impossível ocorrer. Outros povos já dominaram o mundo, como os ingleses, depois os americanos, que continuam ditando as ordem; surgiu a União Soviética, que ficou com uma boa parte do mundo, mas sucumbiu.

Se está tão claro: “abominável da desolação de que falou o profeta Daniel no lugar santo” (Mateus, 24: 15), o mesmo que "Jerusalém sitiada de exércitos” (Lucas, 21: 20), com "grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora [nos dias do evangelista] não tem havido, e nem haverá jamais" (Mateus, 24: 21 [Referência a Daniel, 12:01]); e "até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles" (Lucas, 21: 20); e "estes por quarenta e dois meses calcarão aos pés a cidade santa." (Apocalipse, 11: 2); e as coisas não foram exatamente como anunciadas após aqueles dias; como se poderia ainda esperar um tempo de angústia e a volta do Cristo nos nossos dias? Só quando ouço essas pessoas dizendo que estamos no fim do mundo, que acredito que ainda haja gente esperando esse tão falado “fim do mundo”.

A única explicação que encontro para ainda haver tantas pessoas à espera desse evento, é que elas aprenderam que tudo que está na Bíblia tem que acontecer mesmo, e, por isso, nem se dão ao trabalho de analisar para verificar que já se passou muito o prazo anunciado e os fatos foram diferentes dos previstos.
 

COMO PODERÍAMOS ACEITAR UMA VERDADE TÃO INVERÍDICA?

 

... pela palavra de Deus já desde a antiguidade existiram os céus e a terra, que foi tirada da água e no meio da água subsiste... mas os céus e a terra de agora, pela mesma palavra, têm sido guardados para o fogo, sendo reservados para o dia do juízo e da perdição dos homens ímpios ( II Pedro, 3: 5-7).
 


Assim foi contada a história:
 

“No princípio criou Deus os céus e a terra. A terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo, mas o Espírito de Deus pairava sobre a face das águas. (Gênesis, 1: 1-2).

Essas palavras afirmam nada mais do que: havia apenas aquele amontoado e água sob total escuridão, e o espírito de Deus está sobre as águas.

No primeiro dia, Deus teria criado luz sobre aquele abismo de pura água (Gênesis, 1: 3-5).

“E disse Deus: haja um firmamento no meio das águas, e haja separação entre águas e águas.

Fez, pois, Deus o firmamento, e separou as águas que estavam debaixo do firmamento das que estavam por cima do firmamento. E assim foi. Chamou Deus ao firmamento céu” (Gênesis, 1: 6-8). Imaginem: metade das águas por cima, metade por baixo, e uma expansão sem nada no meio, que teria sido chamada de “céu”.

No terceiro dia, é que mudou de ideia e mandou "ajuntem as águas num só lugar debaixo do firmamento" e fez aparecer, no meio das águas a porção seca, que chamou “Terra” (Gênesis, 1: 9-13). Essa porção seca poderia ser bem descrita como um disco em cima das águas. Essa dedução é muito simples, quando lemos no Profeta Isaías “círculo da Terra” (Isaías, 40:22), e Yavé teria proibido fazer imagens do que há no céu, na terra e “nas águas debaixo da terra” (Êxodo, 20: 4). Que criam ser a Terra plana ficou implícito, mas claramente, quando um dos apóstolo disse que Satanás levou Jesus, o Cristo ao cume de um monte muito alto e “mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles” (MATEUS 4:8). Isso seria impossível em um mundo esférico.

Nos dias cristãos, ou mesmo antes, já se falava em “quatro cantos da terra” (Ezequiel, 7: 2; Isaías, 11: 12; Apocalipse, 7: 1), quer dizer, já não viam a Terra mais de forma circular. E esse pensamento perdurou até o ponto de o navegador Fernão de Magalhães questionar: “A igreja diz que a terra é quadrada, mas eu sei que ela é redonda, porque vi sua sombra na lua. Tenho mais fé em uma sombra do que na igreja.”

Mas depois de tudo pronto, conforme narrado no primeiro capítulo do Gênesis, vejam como era visto o universo.

Prende as águas em suas densas nuvens, e a nuvem não se rasga debaixo delas” (Jó, 26: 8). Para eles, como devia ser para o resto do mundo de então, as nuvens eram algo como lençóis, sobre os quais Yavé prendia as águas. Era admirável como o peso das águas não rasgava as nuvens.

E os astros, estrelas, planetas, cometas, asteróides, etc.?

No quarto dia da criação teria ocorrido o seguinte:

“E disse Deus: haja luminares no firmamento do céu, para fazerem separação entre o dia e a noite; sejam eles para sinais e para estações, e para dias e anos; e sirvam de luminares no firmamento do céu, para alumiar a terra. E assim foi. Deus, pois, fez os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; fez também as estrelas” (Gênesis, 1: 14-16).

Tais quais nossos ingênuos olhos nos apresentam os astros, a palavra divina de Yavé diz que foram feitos os dois grandes luminares, a saber, o Sol e a Lua, também “as estrelas”. Estas são muitas, mas coisas minúsculas, capazes de cair pela terra. Era exatamente essa a visão do “filho do deus vivo”, o Jesus de Nazaré, que teria afirmado que, precedendo o seu retorno à Terra, “as estrelas cairão do céu” (Mateus, 24: 29). E um tal João, inspirado pelo deus onisciente, teria visto as estrelas caindo “sobre a terra, como quando a figueira, sacudida por um vento forte, deixa cair os seus figos verdes” (Apocalipse, 6: 13).

Qualquer estudante de segundo grau sabe que não seria possível as estrelas caírem sobre a Terra. Análises científicas informam que um corpo com menos de vinte e seis mil vezes o tamanho da Terra não tem capacidade de se tornar uma estrela.

O mais intrigante é que, após todas essas provas de que a tal palavra divina continha os mais primários enganos, ainda vemos hoje, no Século XXI, pessoas dizendo que a Bíblia não colide com a ciência (?????????!!!!!!!!!!!!!!!!!!), e tanta gente querendo nos convencer a crer que as estrelas irão brevemente cair sobre a Terra e aquele Jesus irá aparecer nas nuvens dos céus com poder e muita glória para buscar esses propagadores dessa “VERDADE” tão infantil quando esperar um papai noel na noite de 25 de dezembro (!!!!!!!!!!!!). Eu acreditei nisso enquanto nunca tinha ouvido falar sobre o tamanho do Sol, sobre a forma e o movimento da Terra. E, quando comecei a entender isso, ainda tentei encontrar um meio de harmonizar aquelas afirmações primitivas com essa realidade tão oposta; mas foi impossível. Mas fico às vezes pensando como só poucas pessoas enxergam isso como eu, ao passo que tantas pessoas, algumas até de inteligência inegável, são capazes de aceitar essas ideias paleolíticas.

(Anticristo)

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