A DESTRUIÇÃO DO BRASIL É O PROJETO DE PODER BOLSONARISTA

 

A destruição do Brasil é o projeto de poder bolsonarista
Ultraliberais, viúvas da ditadura e criminosos ambientais são todos cúmplices desse crime
Marcelo Freixo
24 de maio de 2021 - 07:59



Na sua primeira visita aos EUA após se eleger, Jair Bolsonaro disse, em jantar com representantes da extrema-direita em Washington,­ que o principal objetivo da sua gestão não é “construir coisas para o nosso povo”, mas destruir.


A declaração é muito mais que sabujice caricata de um presidente para agradar aos brucutus do antiglobalismo. Ela é a confissão, uma espécie de manifesto fundador do regime, a revelar o método e a racionalidade por trás do caos produzido pelo governo.

A destruição sem precedentes do Brasil não é fruto da incompetência, ela é ao mesmo tempo estratégia e finalidade do projeto de poder bolsonarista.

Como desenvolver o Brasil

Essa constatação nos impõe o dever de limparmos o terreno e organizarmos o tabuleiro para analisarmos como as peças se movimentam neste jogo, cuja metáfora perfeita é o recente escândalo do “Bolsolão”, que, dentre outras falcatruas, inclui a aquisição pelo governo de tratores superfaturados através de emendas parlamentares liberadas para comprar o apoio de deputados na Câmara. Depois de passar a boiada, o governo está fazendo um tratoraço.
Esse projeto de destruição uniu na mesma trincheira o velho fisiologismo do sistema político brasileiro, a fábrica de fake news bolsonarista e o ultraliberalismo predatório, retrógrado e autoritário representado pelo ministro Paulo Guedes. A batalha contra as privatizações no Congresso Nacional traduz como esses setores se articulam para viabilizar a política de terra arrasada.
O caso da Eletrobras é emblemático para demonstrar como velhas mentiras são recauchutadas pelo ultraliberalismo com o objetivo de dilapidar o patrimônio brasileiro e destruir setores estratégicos para o desenvolvimento nacional em benefício dos interesses do mercado financeiro.
Dizem que empresas estatais são ineficientes e dão prejuízo. Ora, somente no ano passado o lucro da Eletrobras, maior empresa de energia da América Latina, foi de 6,4 bilhões de reais. Esse resultado colocou a companhia no sexto lugar do ranking nacional de lucratividade em 2020. Desempenho que a faz dominar 50% do setor de transmissão e 33% do segmento de geração.
Outra mentira surrada é a afirmação ­ de que os serviços prestados por empresas ­ privadas seriam mais baratos do que os fornecidos pelas estatais. Vejamos o que dizem as projeções feitas pela Agência Nacional de Energia Elétrica e pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Segundo a Aneel, a privatização­ aumentará a conta de luz em 14% em três anos.
Já a Fiesp calcula que a venda da Eletrobras acarretará para a indústria e lares brasileiros um custo de 460 bilhões de reais em 30 anos. O impacto não será apenas nas contas de luz, pois o custo da energia também influencia o preço dos produtos.
A terceira mentira é que empresas privadas prestam melhores serviços que as estatais. O apagão que durou 21 dias em 13 cidades do Amapá, onde a operadora é uma empresa privada, desmente essa farsa. Quem restabeleceu o fornecimento de energia foi a Eletrobras, acionada emergencialmente para resolver a crise. O setor energético é estratégico para o desenvolvimento e a soberania nacionais. Em todo o mundo desenvolvido ele está nas mãos do poder público. A privatização da Eletrobras é um dano irreversível para o futuro do País.
A estatal de energia é hoje símbolo dos ataques dessa frente ampla de destruição nacional montada pelo bolsonarismo, mas outras empresas estão na mira, como o Banco do Brasil, os Correios e a própria Petrobras. Para viabilizar as privatizações no Legislativo, aliados do governo passaram o trator na Câmara dos Deputados e realizaram mudanças no Regimento Interno que cerceiam o debate dentro do Parlamento e aceleram as votações das propostas no plenário, limitando os instrumentos legais de que a oposição dispõe para obstruir as sessões.
Muita gente ainda insiste em separar a pauta econômica ultraliberal da agenda autoritária bolsonarista, mas ambas são faces da mesma moeda. A rapinagem econômica, principalmente num momento de crise extrema em que a renda e os empregos serão diretamente impactados por essas medidas, não poderia ser viabilizada sem um dublê de ditador na Presidência da República.
A violência de Bolsonaro contra as instituições, o horror de Guedes pelos pobres, a boiada que Ricardo Salles e seus jagunços estão passando na Amazônia fazem parte do mesmo pacote. Trata-se de uma política de governo que pretende roubar do Brasil qualquer possibilidade de futuro. Ultraliberais, viúvas da ditadura e criminosos ambientais são todos cúmplices desse crime.
PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1158 DE CARTACAPITAL, EM 20 DE MAIO DE 2021.

 

É algo bem assustador mesmo.  O estrago desta vez pode ser irreversível.

 

Ver como a privatização empobrece o povo.

 

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