Coordenadora do Inpe é exonerada após dado de devastação desmentir governo
A demissão foi publicada no Diário
Oficial da União desta segunda-feira (13/7)
SK Simone Kafruni
postado em 13/07/2020 15:58
Na semana seguinte à divulgação de dados de desmatamento da Amazônia que
contrariam o discurso do governo de Jair Bolsonaro, feito a empresários e
fundos de investimento internacionais que exigem medidas eficientes de
preservação do meio ambiente, a pesquisadora responsável pelo trabalho de
monitoramento do devastação florestal no Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe) foi exonerada.
A demissão de Lubia Vinhas, coordenadora-geral de Observação da Terra do
Inpe, departamento responsável pelos sistemas Deter e Prodes, que acompanham o
desmatamento da Amazônia, foi publicada no Diário Oficial da União desta
segunda-feira (13/7), assinada pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos
Pontes. Procurada pelo Correio, a pasta ainda não respondeu.
Na sexta-feira passada, o Inpe atualizou dados referentes ao desmatamento da
Amazônia em junho, em ritmo crescente. Os alertas mostraram devastação de
1.034,4 km², 11% acima do mesmo mês de 2019. A exemplo do
que fez no ano passado, quando demitiu o então
presidente do Inpe Ricardo Galvão, o governo segue na linha de “matar
o mensageiro” em vez de combater o desmatamento.
Para o secretário-geral do Observatório do Clima, Márcio Astrini, a
demissão é preocupante. “Temos receio de que o governo
comece a desmontar o Inpe, com a estratégia de colocar em dúvida a capacidade do
órgão de gerar dados, para poder colocar em dúvida os dados gerados, que não
agradam o governo. Esse governo, quando não gosta da verdade, tenta obstruí-la”,
disse.
Astrini alertou que o Inpe é referência absoluta global em monitoramento de
florestas. “Ninguém tem, no mundo, um sistema tão refinado quanto o do Inpe”,
explicou. O OC vai continuar municiando o Congresso Nacional de informações para
que os parlamentares possam cobrar do governo ações efetivas de combate.
“Estamos processando o governo em várias áreas, mas é sempre muito difícil
mandar fazer o que não quer”, ressaltou. “Queremos saber o motivo da demissão”,
concluiu.
“Em face dos resultados negativos da política ambiental brasileira, que têm
trazido impactos seríssimos para a floresta, seus povos, e também para a imagem
e economia brasileira, tudo indica que, o governo decidiu, mais uma vez, por
culpar o mensageiro. A demissão da pesquisadora do Inpe não surpreende,
seguida de tantas outras demissões de servidores técnicos e competentes, nos dá
novamente a entender que o governo é inimigo da verdade.
Mas não será escondendo, passando uma maquiagem nos
dados ou investindo em propaganda que o governo irá mudar a realidade.
E isso acontece por uma razão bem simples: Bolsonaro
não quer mudar os rumos da sua política, afinal, a destruição é o seu projeto do
governo”, comentou Luiza Lima, porta-voz de Políticas Públicas
do Greenpeace.
“Mas nós iremos seguir mostrando a verdade, mesmo o governo tentando escondê-la.
Hoje mesmo, junto com Observatório do Clima e ClimaInfo, o Greenpeace lança a
atualização da Linha do Tempo Governo da Destruição”, acrescentou.
<https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2020/07/13/interna_politica,871770/coordenadora-do-inpe-e-exonerada-apos-dado-de-devastacao-desmentir-gov.shtml>
Se não houver meio eficiente de parar essa política destrutiva, nosso país
sofrerá um desastre irreparável. Ser agente público nesse governo para quem
trabalha com honestidade está se tornando impossível.
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